desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR
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Escolhas profissio<strong>na</strong>is individuais;<br />
Mudanças comportamentais, transformações sociais;<br />
Representações sociais do masculino e do feminino;<br />
Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso à formação profissio<strong>na</strong>l.<br />
Leta e Martins (2008) <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>m “divisão sexual do trabalho científico” à<br />
dinâmica já apresentada quando se tem as <strong>mulheres</strong> atuando no “fazer” científico,<br />
ou seja, com um papel coadjuvante, e os homens no “pensar” científico, como<br />
protagonista; autor e autora embasam essa hipótese no que eles chamam <strong>de</strong><br />
“complementarida<strong>de</strong> sexual” 58 , conceito criado para justificar posturas que assumiam<br />
o novo mo<strong>de</strong>lo socioeconômico no início da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. O conceito pressupõe um<br />
espaço/ativida<strong>de</strong> relegado às <strong>mulheres</strong> para completar o homem, cujos<br />
espaços/ativida<strong>de</strong>s estavam em extremo oposto (SCHIEBINGER, 2001).<br />
Além da separação, no entanto, temos um problema maior no fato <strong>de</strong> existir<br />
<strong>uma</strong> hierarquização que <strong>de</strong>fine quais as áreas <strong>de</strong> maior prestígio e valor social e a<br />
qual gênero elas estarão associa<strong>das</strong>. Nesse sentido, as áreas associa<strong>das</strong> ao<br />
cuidado como a Enfermagem, Fisioterapia, o Magistério <strong>na</strong>s séries iniciais, entre<br />
outras, frequentemente ocupa<strong>das</strong> por <strong>mulheres</strong>. Por outro lado, Ciências, como a<br />
Física, as Engenharias, a Matemática, no caso <strong>das</strong> chama<strong>das</strong> Ciências “duras”, e<br />
alg<strong>uma</strong>s carreiras <strong>na</strong> Medici<strong>na</strong>, no caso <strong>das</strong> Ciências da Saú<strong>de</strong>, entre outras, são<br />
mais ocupa<strong>das</strong> por homens.<br />
Algo que também afeta a atuação da mulher no campo da Ciência é a<br />
histórica responsabilida<strong>de</strong> pelo trabalho doméstico atribuído como responsabilida<strong>de</strong><br />
femini<strong>na</strong>. Silva (2005, p. 9) acrescenta que teríamos historicamente construída <strong>uma</strong><br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> femini<strong>na</strong> “em torno do mundo privado e da manutenção <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
família em que elas têm as responsabilida<strong>de</strong>s domésticas e socializadoras, o que<br />
condicionou a participação da mulher no mercado <strong>de</strong> trabalho”, e contribuiu para que<br />
alg<strong>uma</strong>s ativida<strong>de</strong>s fossem atribuí<strong>das</strong> “<strong>na</strong>turalmente” às <strong>mulheres</strong>, especialmente a<br />
ativida<strong>de</strong> docente, ainda associada ao cuidado.<br />
58 Leta e Martins (2008) vão dizer que havia um paradoxo: <strong>de</strong> um lado um movimento i<strong>de</strong>al que<br />
igualava todos os cidadãos e <strong>de</strong> outro <strong>uma</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manutenção da or<strong>de</strong>m <strong>na</strong>turalizada –<br />
homens no público e <strong>mulheres</strong> no privado.