desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR
desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR
desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
27<br />
campos do saber, <strong>de</strong>ntre eles C&T. Além disso, os movimentos posicio<strong>na</strong>ram-se a<br />
favor <strong>de</strong> questio<strong>na</strong>r a valida<strong>de</strong> <strong>das</strong> características <strong>de</strong>fendi<strong>das</strong> pelos “fazedores” <strong>de</strong><br />
C&T, que ao <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rem que o conhecimento produzido era universal, neutro,<br />
impessoal, ten<strong>de</strong>m a excluir, segregar, domi<strong>na</strong>r.<br />
Alguns movimentos surgiram em favor da visibilização <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong> <strong>na</strong><br />
socieda<strong>de</strong> e em C&T para tentar dissipar a obscurida<strong>de</strong> da questão.<br />
O <strong>na</strong>scimento da história da ciência como discipli<strong>na</strong> acadêmica não supôs<br />
nenh<strong>uma</strong> inovação no terreno dos estudos sobre a mulher. O papel da<br />
mulher <strong>na</strong> ciência seguia sendo relegado, esquecido, por mais que o típico<br />
do novo campo consi<strong>de</strong>rasse a relação existente entre ciência e socieda<strong>de</strong>.<br />
Nem sequer as historiadoras da ciência (Boas, Ornstein ou Stimson)<br />
prestaram atenção à mulher. Tampouco os historiadores encarregados <strong>de</strong><br />
explorar as origens da ciência mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong> incluíram este aspecto em seus<br />
estudos, ainda que tenham se ocupado <strong>de</strong> muitos outros como os<br />
religiosos, <strong>de</strong> classe, <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> etc. Para colocar um exemplo, em sua, por<br />
outro lado, esplêndida obra, Ciência, tecnologia e socieda<strong>de</strong> <strong>na</strong> Inglaterra<br />
do século XVII, Merton punha <strong>de</strong> manifesto o fato <strong>de</strong> que 62% dos membros<br />
iniciais da Royal Society foram puritanos, sublinhando a importância da<br />
religião em certas socieda<strong>de</strong>s ou instituições; no entanto, não reparou que<br />
não havia nenh<strong>uma</strong> mulher entre eles. E isso que havia ocorrido <strong>uma</strong><br />
mudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> <strong>na</strong> história da ciência 3 (SEDEÑO, 1995, p. 599. Grifos<br />
nossos.).<br />
As palavras da autora são em favor <strong>de</strong> <strong>uma</strong> visibilização, <strong>de</strong> um olhar atento<br />
a questões latentes, que embora se quisessem obscuras, vêm à to<strong>na</strong> à medida que<br />
nos empenhamos em resgatá-las.<br />
Dentro do movimento histórico cultural que envolveu não só a história da<br />
Ciência, mas também a história da h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong> houve a possibilida<strong>de</strong> do<br />
aparecimento <strong>de</strong> inúmeros “movimentos” que alteraram <strong>de</strong> forma gradual a cultura<br />
contemporânea, incluindo os campos científico e tecnológico. Com esse objetivo<br />
surgiram os estudos sobre <strong>mulheres</strong> e os movimentos feministas, para “mostrar a<br />
3 Tradução livre <strong>de</strong>: “El <strong>na</strong>cimiento <strong>de</strong> la historia <strong>de</strong> la ciencia como discipli<strong>na</strong> académica no supuso<br />
ningu<strong>na</strong> innovación en el terreno <strong>de</strong> los estudios sobre la mujer. El papel <strong>de</strong> la mujer en la ciencia<br />
seguía siendo relegado, olvidado, por más que lo típico <strong>de</strong>l nuevo campo esribara em consi<strong>de</strong>rar la<br />
relación existente entre ciencia y sociedad. Ni siquiera las historiadoras <strong>de</strong> la ciencia (Boas, Ornstein<br />
o Stimson) prestaron atención a la mujer. Tampoco los historiadores encargados <strong>de</strong> explorar los<br />
orígenes <strong>de</strong> la ciencia mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong> incluyeron este aspecto en sus estudios, aunque sí se ocuparon <strong>de</strong><br />
otros muchos como los religiosos, <strong>de</strong> clase, <strong>de</strong> edad etc. Por poner um ejemplo, en su, por outro lado,<br />
espléndida obra, Ciencia, tecnología y sociedad en la Inglaterra <strong>de</strong>l siglo XVII, Merton ponía <strong>de</strong><br />
manifiesto el hecho <strong>de</strong> que el 62% <strong>de</strong> los miembros iniciales <strong>de</strong> la Royal Society fueran puritanos,<br />
subrayando la importancia <strong>de</strong> la religión en ciertas socieda<strong>de</strong>s o instituciones; sin embargo, no reparó<br />
(?!!!) en que no había ni u<strong>na</strong> sola mujer entre ellos. Y eso que sí que había habido un cambio <strong>de</strong><br />
actitud en la historia <strong>de</strong> la ciencia.” (SEDEÑO, 1995, p. 599. Grifos nossos.)