desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR
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traduzi<strong>das</strong> ao inglês, francês, alemão e italiano para garantir maior acesso aos<br />
interessados. Neste momento começam a ser escritos livros e periódicos<br />
especificamente voltados para as <strong>mulheres</strong>, justamente porque se via nelas um<br />
grupo propenso a conhecer esta nova Ciência.<br />
Já no século XIX, percebe-se que “De novo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> princípios supostamente<br />
científicos, tenta-se „provar‟ a inferiorida<strong>de</strong> intelectual <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong>, especialmente<br />
no que se refere ao trabalho científico” (LIRES, ANGÓS e PAIRÓ, 2003, s.p.) 39 . Há<br />
um empenho em comprovar a inferiorida<strong>de</strong> <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong> para o trabalho científico.<br />
Por outro lado, ainda que a exclusão <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong> fosse algo muito presente<br />
também durante os i<strong>de</strong>ais do Iluminismo, nesse período, as <strong>mulheres</strong> conseguiram<br />
garantir <strong>uma</strong> participação maior enquanto cidadãs <strong>de</strong> direito.<br />
Segundo Lires, Angós e Pairó (2003), um ponto a ser <strong>de</strong>stacado do século<br />
XIX é o forte discurso que segregou a mulher ao espaço privado, mantendo o<br />
homem no espaço público, configurando a divisão sexual do trabalho que nos<br />
interessará adiante. As <strong>mulheres</strong> foram ao longo dos anos manti<strong>das</strong> longe dos<br />
espaços públicos, ou seja, invisibiliza<strong>das</strong>, mas isso não ocorreu <strong>de</strong> forma passiva 40 .<br />
Além do fato <strong>de</strong> que as que conseguiram ace<strong>de</strong>r à Ciência tenham sido<br />
invisibiliza<strong>das</strong>, <strong>na</strong> maioria dos casos o que se viu foi <strong>uma</strong> exclusão. É lamentável<br />
que do século XVII ao XIX muitas <strong>mulheres</strong> foram impossibilita<strong>das</strong> <strong>de</strong> participar e<br />
tantas outras importantes tenham ficado esqueci<strong>das</strong> e só foram “recupera<strong>das</strong>” por<br />
causa dos estudos feministas e dos estudos <strong>de</strong> Ciência, Tecnologia e Gênero<br />
recentemente, a partir da década <strong>de</strong> 1980.<br />
Ressaltamos que no “mundo da Ciência e da Tecnologia” não há <strong>uma</strong><br />
linearida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ações e interesses – há <strong>uma</strong> divisão inter<strong>na</strong> <strong>de</strong> subordi<strong>na</strong>ção<br />
<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>nte <strong>das</strong> práticas chama<strong>das</strong> científicas; os campos são formados<br />
basicamente por dois grupos: os <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e os “operários” (FOUREZ,<br />
39 Tradução livre <strong>de</strong>: “De nuevo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> principios supuestamente científicos, se intenta „probar‟ la<br />
inferioridad intelectual <strong>de</strong> las mujeres, especialmente en lo referente al trabajo científico” (LIRES,<br />
ANGÓS e PAIRÓ, 2003, s.p.).<br />
40 Ao longo <strong>de</strong> toda a história encontramos exemplos <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong> que reagiram às imposições.<br />
Po<strong>de</strong>mos citar nomes como o da cientista Hipácia <strong>de</strong> Alexandria que preferiu o paganismo a ren<strong>de</strong>rse<br />
aos dogmas cristãos, e por isso foi espancada até a morte. Destaque também para o livro <strong>de</strong> Joan<br />
Scott A cidadã paradoxal, no qual conhecemos alguns nomes <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong> importantes para o<br />
feminismo francês e que acabam mortas por resistirem às regras que pretendiam sua exclusão, como<br />
foi o caso <strong>de</strong> Olympe <strong>de</strong> Gouges, que foi <strong>de</strong>capitada.