desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR
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Mas também houve <strong>de</strong>fesas favoráveis, pois as <strong>mulheres</strong> seriam<br />
“<strong>na</strong>turais educadoras”, portanto <strong>na</strong>da mais a<strong>de</strong>quado do que lhes confiar a<br />
educação escolar dos pequenos. [...] O argumento parecia perfeito: a<br />
docência não subverteria a função femini<strong>na</strong> fundamental, ao contrário,<br />
po<strong>de</strong>ria ampliá-la ou sublimá-la. Para tanto seria importante que o<br />
magistério fosse também representado como <strong>uma</strong> ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amor, <strong>de</strong><br />
entrega e doação (LOURO, 1997, p. 450).<br />
Gay (1988, p. 135) diz que o magistério acaba se configurando <strong>uma</strong><br />
profissão femini<strong>na</strong> por excelência “quer pertencesse à classe operária ou à<br />
burguesia, as <strong>mulheres</strong> chegaram a engrossar as fileiras dos professores, sobretudo<br />
<strong>na</strong> escola primária”, mesmo porque “dar aulas era <strong>na</strong>turalmente <strong>uma</strong> escolha quase<br />
pre<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da”.<br />
No fi<strong>na</strong>l do século XIX começa a expansão <strong>das</strong> escolas primárias e<br />
secundárias, aumentando a <strong>de</strong>manda por novos profissio<strong>na</strong>is: as <strong>mulheres</strong> que até<br />
então se encontravam fora do mercado <strong>de</strong> trabalho assalariado tor<strong>na</strong>m-se peças<br />
chave nesta construção (GONÇALVES, 2006).<br />
Esta relação entre ativida<strong>de</strong> laboral e ser mãe satisfazia os interesses dos<br />
lí<strong>de</strong>res, que reconheciam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participação <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong> no novo<br />
projeto <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização da socieda<strong>de</strong>. As <strong>mulheres</strong>, portanto, eram “convoca<strong>das</strong>”<br />
para participar <strong>de</strong>sse projeto, sendo as responsáveis por formar filhos – futuros<br />
lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong>sse novo país. Para formar elas <strong>de</strong>veriam ser <strong>mulheres</strong> exemplares e,<br />
sobretudo, cristãs. Nessa lógica,<br />
A educação da mulher seria feita, portanto, para além <strong>de</strong>la, já que sua<br />
justificativa não se encontrava em seus próprios anseios ou necessida<strong>de</strong>s,<br />
mas em sua função social <strong>de</strong> educadora dos filhos ou, <strong>na</strong> linguagem<br />
republica<strong>na</strong>, <strong>na</strong> função <strong>de</strong> formadora dos futuros cidadãos (LOURO, 1997,<br />
p. 447).<br />
A partir <strong>de</strong>sse momento surge <strong>uma</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inserção <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong><br />
n<strong>uma</strong> ativida<strong>de</strong> que aos olhos da maioria não afligiria sua condição apropriada, pelo<br />
contrário, facilitaria que as <strong>mulheres</strong> aten<strong>de</strong>ssem seu <strong>de</strong>stino: ser mães e esposas<br />
<strong>de</strong>dica<strong>das</strong>, com um elemento a mais – elas saíam da ignorância.<br />
O magistério feminino e a feminização do magistério são assuntos bastante<br />
importantes se se consi<strong>de</strong>ra que isso possibilitou sua entrada em setores da<br />
socieda<strong>de</strong> até então inimagináveis.