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UNIJUSA TEORIA DEMOCRÁTICA DE JÜRGEN HABERMASirracionalismo social e político, evidenciando-sena tendência generalizada demercantilização e burocratização da vidasocial, diante do predomínio dos imperativose interesses do mercado e doEstado, apoiados na instrumentalizaçãoda ciência e da tecnologia, sobre o princípioda sociabilidade democrática. Arazão, enquanto <strong>capa</strong>cidade humana reflexivae crítica ordenadora das açõesrepresenta uma conquista da modernidadee pode nos ajudar a encontrar alternativasfrente a realidade de “um séculoque como nenhum outro nos ensinou oshorrores da não-razão existente”. 2As diversas crises do mundo contemporâneoexigem a ruptura e superaçãodos modelos filosófico e científicotradicionais, o paradigma subjetivistacartesiano e positivista característico damodernidade, deixando clara a necessidadede construção de novos modos deconhecimento, radicalmente comprometidoscom a solução dos problemas atuais.Ao contrário da postura da neutralidadeaxiológica, postulada pelos teóricospositivistas, fundada na oposição arbitráriae ilusória entre conhecimento e interesse,ciência e poder, fatos e valores,ser e dever-ser, Habermas advoga o compromissoético-político do cientista coma democracia, os direitos humanos e comos projetos e reivindicações dos movimentossociais emancipatórios preocupadoscom a busca de soluções para os gravesproblemas culturais, sociais e ecológicosde nosso tempo.A crítica às ideologias científicas ereconstrução dialética das relações entreconhecimento e interesse deve ser a tarefainicial de uma teoria crítica, buscando-se,assim, desvendar os reais comprometimentosda ciência com o processode dominação social. O projeto habermasianoconsiste, pois, em recuperarpara o campo do conhecimento a racionalidadecrítica e dialógica, por meio dareaproximação do conhecimento com apráxis histórico-social, buscando resgatara dimensão prática e crítica da razãoabafada e colonizada pela racionalidadetécnica e instrumental positivista.Trata-se de um projeto teórico quepretende ser “útil para a interpretação dacrise atual e para promover o esclarecimento”.3 Nesse sentido, Habermas podeser considerado um continuador do projetoiluminista, porém afasta-se dos ideaisda filosofia idealista e subjetivista do séculoXVIII, através da construção doparadigma pragmático comunicativo.Não há na sua obra qualquer tentativa defundamentação ontológica do conhecimento,através da busca de uma verdadeabsoluta e definitiva, nem a crençanuma racionalidade evolutiva e intrínsecaà história. O paradigma comunicativopretende romper com a filosofia racionalistae subjetivista, cujas premissas cartesianas– separação dicotômica e arbitráriaentre sujeito/objeto, a tese do sujeitode conhecimento onipotente voltado parao domínio instrumental da realidade etc. -acabaram por legitimar o conhecimentocientífico como um poderoso instrumentode dominação da natureza e dos homens.O modelo científico positivista levouas últimas conseqüências os ideais____________________2 HABERMAS, Jürgen. Direito e Democracia: entre facticidade e validade. Trad. Flávio Beno Siebeneichler. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,1997, v. 1, p. 123 SIEBENEICHLER, Flávio Beno. Razão Comunicativa e Emancipação. 3 a . ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 11112