tese-livre-docencia-Jorge-Machado
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2. Protocolos e softwares<br />
Para Manuel Castells, a internet pode ser vista como “a alavanca de transição” para uma<br />
nova organização social, a “sociedade em rede”. Ele identifica três fatores que se uniram no<br />
final do século XX: i) a globalização do capital, da produção e do comércio; ii) o alçamento a<br />
um patamar “supremo” das demandas e valores sociais de liberdade individual e comunicação<br />
<strong>livre</strong>; e iii) os avanços da computação e das telecomunicações (Castells 2003: 8).<br />
Para Castells, a internet antes disso não passava de uma “tecnologia obscura, sem muita<br />
aplicação” além daquelas dos “mundos isolados” dos cientistas da computação e dos hackers.<br />
O que a torna especial é sua arquitetura aberta, maleável, passível de ser alterada pela prática<br />
social (Castells 2003: 8-10).<br />
2.3 O software <strong>livre</strong><br />
Também referido como open source (código aberto), o software <strong>livre</strong> enquanto movimento<br />
social tem suas origens nos anos 80. Era um época em que ainda predominavam os<br />
computadores de grande porte, cujo código-fonte era distribuído junto com o hardware. Acostumado<br />
a programar seus equipamentos, Richard Stallman, um programador brilhante do<br />
Laboratório de Inteligência Artificial do MIT, ficou inconformado por não poder usar uma<br />
impressora Xerox, devido a uma falha do software — cujo código não era aberto. Assim, em<br />
1983, ele teve a ideia de criar um mecanismo legal que garantisse que todos pudessem desfrutar<br />
dos direitos de copiar, modificar e redistribuir o código-fonte (software). Surgia a primeira<br />
licença “copyleft”: a General Public License (GPL). Uma vez aplicada ao código, ela possuía<br />
efeito viral: tudo que fosse derivado desse código deveria ser disponibilizado nos termos da<br />
mesma licença. No ano seguinte, diante das ameaças da AT&T de exigir direitos de propriedade<br />
intelectual sobre o código UNIX, que era amplamente usado por desenvolvedores na<br />
época, Stallman decide escrever um novo código, dando o nome de GNU — que significa<br />
“GNU is Not UNIX”. Anos mais tarde, Stallman fundaria a Free Software Foundation (FSF) e<br />
nascia o movimento do software <strong>livre</strong>.<br />
Em artigo publicado no livro Open Sources: Voices from the Open Source Revolution,<br />
Stallman conta suas motivações para se engajar na construção movimento do software <strong>livre</strong><br />
publicado no livro:<br />
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