tese-livre-docencia-Jorge-Machado
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2. Protocolos e softwares<br />
2.4.2.1 O problema da privacidade e do monitoramento<br />
Vamos dar o exemplo do Microsoft Windows, por ser o sistema operacional mais largamente<br />
usado e instalado em mais de 3 bilhões de computadores.<br />
O sistema que estabeleceu na prática o padrão global de comunicação entre computadores<br />
pessoais possui um código secreto, sempre em modificação em sucessivas versões. Além<br />
de dificultar a engenharia reversa que visa transformar os arquivos gerados no Windows compatíveis<br />
com outros sistemas, as atualizações “necessárias” são centrais na estratégia de negócios<br />
da empresa, cujas licenças de uso expiram depois de um tempo. Ademais, o usuário não<br />
tem como efetivamente controlar os processos e as comunicações realizadas por seu PC. No<br />
que se refere a isso, as primeiras denúncias contra a Microsoft são de 1999, quando um pesquisador,<br />
usando engenharia reversa, encontrou no Windows uma chave de encriptação chamada<br />
NSA_key. Ela funcionava como backdoor (porta dos fundos) que conectava computadores<br />
dos usuários a determinados servidores, possivelmente do governo dos Estados Unidos<br />
(Campbell, 1999; The Register, 2000 e 2014).<br />
que:<br />
Os documentos vazados anos mais tarde por Snowden (The Guardian, 2013) revelaram<br />
• Microsoft ajudou a NSA para contornar a sua criptografia e interceptar conversas por<br />
meio do portal Outlook.com;<br />
• a NSA tinha acesso à pré-criptografia de envio de e-mail via Outlook.com e Hotmail;<br />
• a Microsoft facilitou à NSA acessar o SkyDrive, seu serviço de armazenamento em<br />
nuvem com mais de 250 milhões de usuários em todo o mundo;<br />
• a NSA triplicou sua capacidade de armazenamento de chamadas de vídeo do Skype,<br />
após a compra do Skype pela Microsoft.<br />
Na instalação do sistema operacional da empresa é anunciado em letras miúdas que a<br />
empresa coleta muitas informações do usuário: sites que visita, informações sobre o navegador,<br />
termos digitados em campos de buscas, endereços IP, localização, equipamentos que usa,<br />
softwares instalados e chaves dos produtos, entre outros, conforme pode ser visto em sua política<br />
de privacidade (Microsoft, 2016).<br />
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