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2. Protocolos e softwares<br />

softwares <strong>livre</strong>s e formatos de arquivos abertos — que ao mesmo tempo em que facilitam a<br />

difusão de conteúdos, colocam os mesmos fora de seu controle dessa indústria. Não por acaso,<br />

nenhuma delas apoia ou participa de organizações e projetos como a ODF Alliance, OASIS,<br />

OSI, FSF ou W3C. Por outro lado, empresas como a Microsoft não apenas boicotam protocolos<br />

abertos, ao não oferecer a interoperabilidade como padrão, como também tem um modelo<br />

de negócio baseado no oferecimento de sua plataforma para formatos não proprietários.<br />

A obscuridade do código do software e dos arquivos em formatos proprietários não apenas<br />

colocam em risco a segurança e a privacidade, como também constituem um obstáculo ao<br />

desenvolvimento e disseminação de tecnologias, projetos, iniciativas e inovações que caracterizam<br />

as nascentes práticas colaborativas.<br />

Nesse contexto, vê-se claramente o conflito entre práticas bem distintas. Um mundo<br />

proprietário, baseado na dependência e aprisionamento do usuário, visto apenas como um<br />

consumidor desprovido de conteúdo crítico. De outro, tecnologias e protocolos abertos, liberdade<br />

de cópia e modificação com base na auto-organização de comunidades descentralizadas<br />

e autônomas.<br />

Entre esses extremos, existe um meio: novos modelos de negócios baseados na economia<br />

colaborativa do conhecimento aberto — chamada de “Wikinomics” por Tapscott & Williams<br />

(2006), ou de “Economia da informação em Rede” por Yochai Benkler (2006) —; em<br />

crowdsourcing, crowdfunding e open innovation. Nesse ambiente, surge uma economia baseada<br />

não apenas no ganho econômico, mas frequentemente ancorada em práticas sociais, tecnológicas<br />

e ecológicas mais éticas.<br />

Cabe dizer que o software <strong>livre</strong>, antes de um movimento técnico, é um movimento político<br />

— assim se tornou nos últimos anos, com a demanda por emancipação social, pelas ameaças<br />

à privacidade e pela vigilância global. Obviamente que sua expansão junto à população<br />

sofre restrições por exigir um conjunto de conhecimentos e uma dedicação que a maior parte<br />

dos cidadãos não possuem. Por sua transparência e eficiência, o software <strong>livre</strong> conquistou um<br />

grande espaço junto às empresas, a ponto de dominar completamente o segmento de servidores<br />

e estar na imensa maioria dos supercomputadores. Pelo seu êxito empresarial não se repetir<br />

junto aos usuários domésticos, sua dimensão política acaba obscurecida. Mas, a medida de<br />

dificuldade da expansão do SL no ambiente doméstico tem equivalência nos desafios que o<br />

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