tese-livre-docencia-Jorge-Machado
tese-livre-docencia-Jorge-Machado
tese-livre-docencia-Jorge-Machado
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
3. Conteúdos<br />
nhos, gravações de som, fotografias, pinturas, etc. Cabe acrescentar que um trabalho é protegido<br />
legalmente em todos os meios em que possa ser exprimido (cantado ou recitado, por<br />
exemplo) e assim como todos os usos derivados (por exemplo, obras teatrais ou musicais a<br />
partir de adaptações de livros). No caso das patentes, 95 a proteção se aplica ao resultado de<br />
uma invenção. Esta deve ser nova, útil e aplicável a processo industrial. A patente exclui<br />
outros de poder produzir, usar, vender, oferecer ou importar a invenção. De fato, a patente não<br />
obriga o registrante a colocar em prática sua invenção, mas de excluir outros de usá-la.<br />
3.3.2 A evolução da “propriedade intelectual”<br />
No sistema convencional — antes do surgimento da internet — de distribuição de obras<br />
literárias, visuais ou musicais, para divulgar seu trabalho o autor deve recorrer a alguém que<br />
edite, distribua e promova a obra. É este quem possui os meios de produção para fixar a criação<br />
em suportes físicos e assim fazer sua distribuição a partir de cópias “originais”. Somente<br />
as cópias legais podem ser comercializadas no mercado.<br />
O princípio dessa relação criador-editor se baseia numa espécie de casamento de interesses.<br />
Em troca da difusão da obra e um possível ganho financeiro, o autor transfere ao editor<br />
seus direito autorais para que explore sua comercialização. Essa transferência é em geral<br />
exclusiva, estabelecendo um monopólio da comercialização. Sem nenhuma concorrência na<br />
produção, o editor pode fixar o preço que quiser, o que tende a ser o mais elevado possível. 96<br />
O monopólio confere o poder de excluir do acesso todos aqueles que não podem pagar,<br />
que em geral são as camadas mais pobres e vulneráveis da população, e na prática os que mais<br />
precisam de acesso a cultura e conhecimento. Outra consequência disso é que o produtor pode<br />
também simplesmente deixar de produzir a obra, ao mesmo tempo em que também impeça<br />
outros de o fazer. 97<br />
95 O termo patente provém de carta de patente, instrumento legal assinado por um monarca ou governante<br />
garantindo um direito, status ou monopólio para uma atividade comercial (Wikipedia, 2015b). Por sua vez, o<br />
termo royalties tem sua origem na concessão real (royal) para garantir um privilégio de exploração.<br />
96 Cabe dizer que a mesma lógica se aplica às patentes, com a diferença que essas últimas são utilizadas mais<br />
para criar reservas de mercado, afastar concorrentes, Na maior parte dos casos, utiliza-se a patente para<br />
bloquear ou dificultar o desenvolvimento de certo produto por um concorrente. Segundo o “Carnegie<br />
Survey”, uma extensa pesquisa realizada junto a gerentes de Pesquisa e Desenvolvimento de 1478 empresas<br />
da indústria manufatureira dos Estados Unidos, as principais razões para patentear produtos são prevenir<br />
copias (95,8%) e bloquear o acesso a outras empresas (81,8%) (Cohen, Nelson & Walsh, 2000).<br />
97 Esse foi o caso dos livros técnico-científicos de uma amostra da bibliografia básica de cursos de graduação<br />
149