tese-livre-docencia-Jorge-Machado
tese-livre-docencia-Jorge-Machado
tese-livre-docencia-Jorge-Machado
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
4. “Open” como política — considerações finais<br />
De forma transversal às demandas específicas das comunidades open, pode se abordar<br />
as seguintes políticas que promovam o acesso <strong>livre</strong>/aberto a conhecimentos produzidos com<br />
recursos públicos: adoção de licenças de conteúdos mais flexíveis — que permitam ao menos<br />
reuso e distribuição <strong>livre</strong> — para todos os conteúdos produzidos ou financiados por entes<br />
públicos; fomento ao uso e reuso de informação pública para promover o empreendedorismo<br />
e novas oportunidades sociais e econômicas; publicar informação em formatos e protocolos<br />
abertos, de modo a não obrigar usuários a depender de empresas para abrir ou editar arquivos;<br />
disseminação de repositórios públicos para abrigar e distribuir com eficiência informação<br />
catalogada e indexada de acordo com os critérios do Open Archives Initiative, dando a ela<br />
ampla visibilidade; garantir de forma pró-ativa o acesso a toda informação pública sob a qual<br />
não pese nenhuma restrição legal razoável; uso de hardwares, plataformas, padrões e protocolos<br />
que sejam abertos, promovendo uma cultura de abertura, transparência e transferência de<br />
conhecimento; investimento em capacitação e suporte para adoção de tecnologias <strong>livre</strong>s e<br />
abertas; promoção das práticas de colaboração e compartilhamento em toda a administração<br />
pública e inclusive com a população, de modo a promover difusão do conhecimento, inovação<br />
social e fomentar a cultura colaborativa nas novas gerações; criação de um arcabouço jurídico,<br />
legal e institucional que sustente tais práticas; criação de espaços comunitários para<br />
encontro, aprendizado tecnológico crítico e compartilhamento baseado no uso do hardware<br />
<strong>livre</strong>, como FabLabs e Hackerspaces, assim como a criação de laboratórios interdisciplinares<br />
em escolas e universidades; e, com apoio das TICs, promover a participação social, a defesa e<br />
garantia de direitos, a redução das desigualdades sociais, o combate ao preconceito e discriminação,<br />
a inclusão de minorias e novas abordagens a partir da perspectiva de gênero.<br />
O projeto FLOK Society trouxe um importante aprendizado. Não se pode construir uma<br />
política, por mais progressista que seja, sem uma base social e cultural que a sustente. Também<br />
ensina que as transformações devem ser graduais e adaptadas a cada contexto. As melhores<br />
políticas são aquelas construídas pelas próprias comunidades que vivenciam a realidade,<br />
compartilham conhecimentos e buscam construir soluções para seus próprios problemas. Por<br />
isso, há que fomentar uma opinião pública que respalde tais transformações e que gere um<br />
pensamento crítico que possa se traduzir por ações graduais na direção da construção de uma<br />
sociedade mais aberta. Há que fortalecer, nesse sentido, a criação daquilo que Putnam chama<br />
de “comunidades cívicas”, em que as pessoas se veem unidas por relações de reciprocidade e<br />
223