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3. Conteúdos<br />

A discussão sobre os REA está num estágio bem maduro, mas como vimos anteriormente,<br />

dado aos interesses econômicos da indústria do copyright, as resistências econômicas e<br />

políticas a serem enfrentadas são ainda grandes. Por outro lado, pode-se observar a clara convergência<br />

do movimento em apoio ao REA — com pleno aval da UNESCO — com os outros<br />

movimentos “open” no que se refere à preferência pelos formatos e padrões abertos, os direitos<br />

de reuso e compartilhamento da informação e a opção por licenças <strong>livre</strong>s.<br />

3.6.6 Resistências na academia às políticas de acesso aberto<br />

Um dos problemas para a difusão do acesso aberto é a grande diversidade de interesses<br />

envolvidos. Uma política de acesso aberto necessita a articulação de um conjunto de atores<br />

que possuem olhares e interesses distintos: acadêmicos, bibliotecários, agências de fomento,<br />

editores, publishers e associações profissionais. Boa parte dos obstáculos decorre em função<br />

de práticas culturais arraigadas, falta de padrões de referência, desinformação e inclusive por<br />

alterar relações de poder bem estabelecidas.<br />

Para os autores, a razão principal de publicar é o prestigio, que decorre da visibilidade.<br />

Conforme nos lembra Dagnino, na academia, mecanismos de prestígio alcançados nos seus<br />

âmbitos disciplinares, mediante reconhecimento dos cânones correspondentes são transformados<br />

em poder político e capacidade de influência (Dagnino, 2002). Essa “competição”, traduzse<br />

em situações de rejeições de trabalhos por razões nem sempre claras. Ideias inovadoras,<br />

áreas consideradas “marginais”, advindas de pesquisadores desconhecidos ou ligados a instituições<br />

de menor porte ou de pessoas sem um bom network tendem a ser prejudicadas. A<br />

publicação digital, mais dinâmica e menos dependente de recursos, ampliou significativamente<br />

os canais de comunicação científicos. Com base no uso de algoritmos, a internet possui<br />

lógica descentralizada e horizontal, onde a comunidade de usuários desempenha um papel<br />

fundamental para determinar a relevância de uma informação — e isso ficou mais forte com a<br />

web 2.0 — ao invés de das hierarquias científicas. Isso é um desafio aos sistemas acadêmicos<br />

e universitários estruturado em hierarquias pouco flexíveis que, na prática, controlam e validam<br />

novos “conhecimentos”. Conforme Holanda (2005):<br />

Até os dias atuais, a organização e a avaliação da pesquisa foi feita a partir da vigência de uma<br />

absoluta hierarquia do saber. A partir do entendimento de que a informação é um produto fixo,<br />

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