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4. “Open” como política — considerações finais<br />

Concordamos com Santos e Mendonça (2012), quando afirmam que essa legislação<br />

reflete uma “visão hiperproprietária da proteção autoral” que traz muitos malefícios, ao dificultar<br />

o acesso ao que presume promover, e ao ignorar direitos fundamentais que são de caráter<br />

essencial à própria formação das pessoas. Isso aprofunda ainda mais a exclusão e as desigualdades<br />

sociais entre os que podem e os que não podem pagar.<br />

Todas as inovações tecnológicas da internet e os benefícios criados pela militância dos<br />

movimentos open são prejudicados devido à má qualidade da “banda larga”, em especial fora<br />

das grandes cidades. Sabemos que o acesso ao conhecimento é altamente desigual tanto no<br />

Brasil, como na relação Norte-Sul. Uma infraestrutura de informação ruim consiste em mais<br />

uma barreira à redução das desigualdades. A atrofiada “inclusão digital” baseada num modelo<br />

de licenciamento bilionário, controlado por poucas empresas que se apropriam do espectro<br />

eletromagnético público, constitui um enorme obstáculo ao potencial transformador da rede.<br />

Isso denota a necessidade não apenas de investimentos, mas também de uma “reforma agrária”<br />

no espectro eletromagnético. O incentivo a pequenos provedores e o fomento à criação de<br />

redes comunitárias teria o efeito colateral de tornar os canais de comunicação mais plurais.<br />

Há a necessidade de estimular o software <strong>livre</strong> e os padrões abertos, o que levará o<br />

poder público a economizar bilhões de reais em softwares. Esse valor poderia ser empregado<br />

no desenvolvimento de soluções <strong>livre</strong>s e abertas, cujos benefícios sociais e econômicos, pela<br />

lógica de desenvolvimento do software <strong>livre</strong>, se espraiariam pelo mundo. Ademais, o software<br />

<strong>livre</strong> é a base de sistemas mais seguros, capazes de resistir com mais eficiência à vigilância<br />

global montada pela NSA e as empresas que lhe servem.<br />

A sociedade contemporânea enfrenta desafios locais e globais enormes. As novas práticas<br />

de colaboração e compartilhamento da informação têm um papel relevante para a difusão<br />

de informação, cultura e conhecimento, fundamentais para o desenvolvimento humano. Na<br />

sociedade da informação, a abertura de conhecimento humano acumulado passou a ser uma<br />

realidade possível, devendo assim assumir um papel prioritário em qualquer política que tenha<br />

como objetivo promover a melhoria nas condições de vida dos cidadãos e a redução das grandes<br />

desigualdades globais. Desafios esses que envolvem a necessidade de cooperação, abertura<br />

de conhecimento, trabalho colaborativo e redistribuição dos recursos intelectuais e materiais.<br />

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