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ICOM International Council of Museums - Museo Estancia Jesuitica ...

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Alves de Moraes: Museu e <strong>Museo</strong>logia<br />

Uma nova seleção sobre o real e seu mundo relacional é introduzida pra complexificar e<br />

tencionar as relações humanas e sociais. Um –suposto- mundo e uma sucessão de<br />

acontecimentos e eventos são atribuídos e construídos arbitrariamente e, por vezes, fora do<br />

controle social em que orientações e induções são despercebidas. Fatos, personagens,<br />

situações, discursos, prioridades, cronogramas são marcas de uma hierarquia e sucessões<br />

de fenômenos constituídos como reais, verdadeiros, únicos, excepcionais. Uma seleção de<br />

acontecimentos, eventos e processos são enfatizados ou silenciados segundo interesses,<br />

estratégias e lógicas que escapam aos cidadãos. Novas condições que permitem toda a<br />

sorte de produção de sentidos, modelos relacionais e de produção são introduzidos nas<br />

esferas do poder de estado e dos interesses privados.<br />

Braudel(1992) afirmava que o historiador criava os seus materiais, ou se quisesse, era<br />

capaz de recriá-los; esta perspectiva demonstra que, o historiador parte para o passado com<br />

uma intenção precisa, um problema a resolver, uma hipótese de trabalho a verificar. Este<br />

processo também permite uma atitude e uma produção sobre os acontecimentos que<br />

marcam o cotidiano dos homens.<br />

Esta análise é herdeira de um movimento denominado “História Imediata”. Na origem deste<br />

movimento encontramos a produção coletiva de um documento que em si traz a tradição e a<br />

novidade. Um documento escrito em forma de “manifesto”, resultado de longo debate e da<br />

constituição de uma rede que discutia suas instituições e países a partir de recursos<br />

informacionais, na rede internet.<br />

A produção e veiculação de um documento(“manifesto”), obra de natureza planetária, escrita<br />

em conjunto e democraticamente através de uma rede, suporte tecnológico, e subscrito por<br />

intelectuais de diferentes formações em diferentes países e instituições. O documento é<br />

encontrado na home page (www.h.debate.com) sendo possível discuti-lo e estabelecer<br />

contato com outros pensadores que acatam ou não estas premissas e orientações<br />

intelectuais, estabelecendo um diálogo permanente e comprometido com a inclusão e a<br />

convivência. O Manifesto aponta doze temas de enfrentamentos teórico-metodológicos que<br />

não dizem respeito apenas à ciência da História, mas às reflexões dos produtores de<br />

diferentes formações disciplinares.<br />

O inicio deste século não esgotou ou apagou as marcas da História e seus desdobramentos.<br />

As reflexões e os dilemas epistemológicos que influenciam ou se explicitam em trabalhos<br />

contemporâneos é ponto de partida para o debate científico.<br />

“Ciência com sujeito” estabelece uma crítica ao suposto objetivismo científico, ingênuo e de<br />

graves efeitos políticos, em contraste com a ênfase às análises subjetivistas predominantes<br />

conjunturalmente. Analisa os elementos subjetivos que influenciam no processo de<br />

conhecimento apr<strong>of</strong>undando os fenômenos estudados e torna os estudos mais rigorosos.<br />

No desafio de ampliar os suportes e fontes que informam as análises, incluindo as<br />

chamadas não-fontes, pretendem incorporar novas metodologias, temas, perguntas e linhas<br />

de pesquisas. A História renovada e revigorada no contato com o mundo empírico recupera<br />

a idéia e a prática da inovação no cotidiano dos cientistas e do campo. O olhar se humaniza<br />

e ganha capacidade de perceber as sutilezas dos fenômenos e lutas. Deste olhar e<br />

questões emerge a necessidade de propor novos paradigmas. A utopia, condenada pelos<br />

neoliberais, pragmáticos e homens do poder não deve ser descartada.<br />

A inovação aparece como desafio interdisciplinar. A História, assim como a <strong>Museo</strong>logia,<br />

segundo a lógica do Manifesto, deve construir “pontes que criem intercâmbios no vasto<br />

arquipélago que se converteu nossa disciplina nas últimas décadas”. O Manifesto lembra a<br />

importância das articulações, afirma que além de intercambiar métodos, técnica e intercambiar<br />

enfoque, deve-se articular diversas temporalidades considerando as necessidades e os olhares<br />

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