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ICOM International Council of Museums - Museo Estancia Jesuitica ...

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Alves de Moraes: Museu e <strong>Museo</strong>logia<br />

O campo é um espaço estruturador e estruturante fundamentado em relações estáveis e<br />

compartilhado pelas partes, sem que isto signifique uma adesão automática ao que ele<br />

pretende impor.O campo produz regras, é um espaço de conflitos e de concorrência no qual<br />

os concorrentes lutam para estabelecer o monopólio sobre uma espécie determinada de<br />

capital pertinente ao campo. Trata-se de uma recriação, um espaço relacional em<br />

movimento cuja condição e existência se expressam na disputa, reconstrução e<br />

ressignificado (signos e significados).<br />

É possível e inevitável considerar que não serão os saberes, práticas e instituições museais<br />

ou culturais as possíveis alternativas para a reversão das condições sócio-culturais no<br />

continente. Sabe-se que uma reversão, no mínimo, exige uma intervenção política, de<br />

técnicos e pr<strong>of</strong>issionais articulados a um saber e uma prática multidisciplinar, modificando as<br />

relações de hegemonia entre as equipes e pr<strong>of</strong>issionais de museus e cultura, e destas com<br />

a população, a quem supostamente devem servir.<br />

O debate, envolvendo, de forma acalorada, a sociedade e o Estado, sobre o reordenamento<br />

das instituições e políticas culturais, atravessou um longo período, debates e alianças<br />

sociais em busca de um consenso mínimo quanto aos seus objetivos, formas de existência<br />

e de condições históricas para a sua reformulação e implementação. Um período em que<br />

ocorreu uma aceleração e multiplicação das lutas no setor e por lutas sociais que<br />

influenciaram os acontecimentos, em que os temas e as agendas sociais, institucionais e<br />

individuais influenciavam-se mutuamente.<br />

Técnicos do Estado e da “área econômica”, além de políticos, acadêmicos e militantes de<br />

movimentos culturais, arrolaram argumentos e estudos propondo mudanças setoriais. Não<br />

faltaram motivações sociais, institucionais e culturais; mudanças econômicas e políticas<br />

internas e externas, científicas, gerenciais e ideológicas. As críticas às instituições e aos<br />

saberes e práticas sociais aceitas e veiculadas pelas instituições multiplicaram-se.<br />

Os técnicos do Estado estavam afastados das decisões que envolviam as políticas setoriais,<br />

elas foram secundarizadas pela lógica neoliberal e seus esforços de privatização e<br />

mercantilização do setor. A prioridade na adoção da prática e atos culturais como política<br />

estatal produziu uma dicotomia no setor. As decisões de museu e cultura foram transferidas<br />

desde o período militar para os ministérios da área econômica, e estes técnicos resistiram em<br />

diversas frentes e sempre buscaram ampliar suas bases de legitimidade e "apoios" sociais.<br />

Nestes caminhos, descaminhos e não-caminhos, o Museu e o campo científico que o<br />

justifica produz, negocia, influencia ou orienta suas marcas e itinerários.<br />

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