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O EU ÍNTIMO E O EU SOCIAL NA POESIA DE BUENO DE RIVERA

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nunca morre totalmente.<br />

Mesmo morto, continua<br />

sua vida em outras vidas<br />

outros corpos e objetos. (PP, p. 44)<br />

O boi permaneceria, como o eu lírico crê, nos objetos em que o mesmo será<br />

transformado, ou no próprio ser que se alimenta com a sua carne. O boi de Rivera, por<br />

conseguinte, é este ser que mesmo tomando consciência de sua condição e força, prefere ser<br />

pacífico, não aderindo à luta, esperando pacificamente o momento em que o seu sofrimento<br />

seja sanado.<br />

4.4 As flores<br />

Menos evidente, porém de forte intensidade na poesia de Rivera, desde o seu<br />

Mundo submerso, as flores impregnam os poemas do escritor de Santo Antônio do Monte de<br />

forma camuflada, aparecendo de diversas formas (como rosas, lírios, cravos) e nos mais<br />

inusitados lugares. As flores são elementos singelos, não merecendo do autor um poema<br />

específico para si – diferentemente do que ocorrera com os demais elementos por nós<br />

analisados –, difícil sendo, em uma rápida análise, afirmar serem elas um Leitmotiv de seu<br />

fazer poético. Entretanto, em exegese minuciosa de toda a poesia de Bueno de Rivera, somos<br />

indubitavelmente aptos a falar nas flores como um dentre os principais elementos que<br />

compõem as obras do poeta mineiro, pois sua presença é patente, tendo a sua aparição, acima<br />

de tudo, um significado.<br />

Se em sua primeira obra, Mundo submerso, as flores vão tomando significância em<br />

cada poema em que aparecem, chegam em Luz do pântano, quatro anos depois, com uma<br />

maior conotação, ganhando importância tanto pela relevância a elas dada quanto pelo número<br />

de vezes que aparecem. Para se ter uma idéia da ênfase dada por Rivera às flores, basta<br />

dizermos que tais elementos, nas suas mais diversas variantes, aparecem em cerca de 80% dos<br />

poemas de Luz do pântano. São, é claro, rápidas aparições, surgidas mais por uma vontade do<br />

poeta do que por necessidade do tema abordado. Já em Pasto de pedra, contudo, após os vinte<br />

e três anos que o distam de Luz do pântano, vem Rivera trazendo as flores não mais como um<br />

Leitmotiv de sua poesia como outrora, contando somente um quarto dos poemas desse livro<br />

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