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O EU ÍNTIMO E O EU SOCIAL NA POESIA DE BUENO DE RIVERA

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INTRODUÇÃO<br />

O estudo que nos propomos realizar visa à busca de uma análise da condição<br />

humana proposta por Bueno de Rivera em sua produção poética e à afirmação de ser esta a<br />

preocupação primeira do referido poeta em arte literária, tendo ele partido do ponto de vista<br />

do eu íntimo e atingindo assim o do ser social em suas obras poemáticas.<br />

Apesar de Rivera ter publicado somente três livros de poesia – Mundo submerso<br />

(1944), Luz do pântano (1948) e Pasto de pedra (1971) – o tempo despendido em nossa<br />

análise justifica-se pela profundidade que tais obras apresentam sobre a questão ontológica,<br />

numa procura constante de compreender o ser humano nos seus mais variados aspectos, em<br />

uma busca de transcendência do ser.<br />

Para que tenhamos noção do verdadeiro significado da produção poética de<br />

Rivera, não basta analisar poemas coletados aleatoriamente ou simplesmente selecionar<br />

determinado livro de poesia e dele tirar nossas conclusões; faz-se necessário que realizemos<br />

um estudo envolvendo toda a sua produção poética, entendendo os pontos de contato entre as<br />

obras e a possível evolução apresentada pelo autor em sua jornada literária. Para isso, também<br />

contaremos com o livro Melhores poemas de Bueno de Rivera, organizado por Affonso<br />

Romano de Sant’Anna, que, além de conter de acordo com o seu pensamento uma seleção dos<br />

melhores poemas dos três livros de poesia de Rivera, ainda contém uma quarta parte,<br />

denominada Poemas inéditos, onde o ensaísta traz alguns dos poemas que o poeta mineiro<br />

publicou esporadicamente em jornais diversos e que, ao que consta, seriam publicados em um<br />

novo livro, que receberia como título As fúrias.<br />

Retratar o ser humano e indicar-lhe as faltas sempre foi e continua sendo uma<br />

tentativa almejada pela literatura, que ao longo da história apresentou essa característica mais<br />

ou menos acentuadamente, dependendo da tendência seguida pelo movimento estético-<br />

literário a que a obra pertence: se mais materialista, temos aí, mesmo com a visão íntima do<br />

eu lírico, a busca do aspecto formal e o marcante interesse pela natureza; ou se mais<br />

espiritualista, a preocupação com o ser humano em um plano metafísico – o que nos<br />

proporciona uma transcendência. Sobre o nosso ponto de vista, esclarecedoras são as palavras<br />

de Massaud Moisés, para quem:<br />

[...] os elementos que compõem o mundo exterior, o plano do “não-eu”, somente<br />

interessam e aparecem quando interiorizados, ou como áreas específicas em que o<br />

“eu” do poeta se projeta, dum modo que significa, afinal de contas, estar o “eu” à<br />

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