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O EU ÍNTIMO E O EU SOCIAL NA POESIA DE BUENO DE RIVERA

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(PP, p. 131). Em um primeiro momento, poderíamos pensar que Rivera diverge em atitude do<br />

autor de A cidade do sul, pois que este encontra no atual o passado, enquanto que aquele<br />

busca as figuras e vultos de seu passado sem, contudo, as encontrar. Porém, é justamente essa<br />

procura do que fizera em determinado momento de sua vida há tempos atrás o que aproxima<br />

os dois poetas: para Alphonsus de Guimaraens Filho, a chuva “de outra tarde” certamente foi<br />

vivenciada, nessa outra tarde, por ele, pois se assim não o fosse não a teria sentido como a<br />

mesma, como sendo “uma chuva de remorso e raiva”, quer dizer, capaz de trazer-lhe à<br />

lembrança sentimentos íntimos, próprios de seu ser, de suas experiências e sensações; e para<br />

Bueno de Rivera, mesmo este não encontrando os seres que faziam parte do seu passado,<br />

recorda-se deles até com o vento.<br />

Figura também inesquecível nas letras mineiras e possivelmente influente no modo<br />

de escrever de Bueno de Rivera é Henriqueta Lisboa, poetisa mineira que tinha como alvo, em<br />

seu fazer poético, o humano. Dotada de uma marca pessoal, trazia construções em que os<br />

mais diversos sentimentos humanos, como alegria e tristeza, eram ali expostos. Rivera assume<br />

postura similar: em um momento, tem-se a angústia da morte, e em outro, a felicidade por se<br />

encontrar diante de um tempo vindouro. Ambos apresentaram uma suavidade no ato de<br />

versejar, aproximando-se mais ainda quando se utilizam de uma linguagem contida e discreta.<br />

Vemos assim que a poesia de Bueno de Rivera coaduna-se com a poesia mineira<br />

como um todo, tanto com aquela anterior ao seu surgimento no cenário literário como poeta,<br />

quanto após a sua última publicação (que se deu em 1971). Poesia que oscila entre a intimista<br />

e a social, procurando retratar as cenas do cotidiano e confrontar, de forma mágica, passado e<br />

presente em um único espaço temporal. Os elementos que fazem parte daquela cultura, bem<br />

como o modo de ser dos habitantes daquele estado, estão ali representados, com uma<br />

acentuada nostalgia em virtude dos dias – e com estes, pessoas e sentimentos – perdidos.<br />

2.2 Rivera e os Poetas Modernos<br />

A produção poética de Bueno de Rivera, apesar de pouco vasta, traz muito das<br />

características mineiras, seja em seu campo histórico, social ou cultural, tornando-a assim<br />

bem próxima do que se fazia em Minas tanto em seu período quanto em momentos anteriores<br />

e/ou posteriores na arte literária. Essa atitude, entretanto, não significa que ele possa ser visto<br />

como um epígono, retardatário ou mesmo à parte em relação ao grupo literário ao qual fora<br />

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