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O EU ÍNTIMO E O EU SOCIAL NA POESIA DE BUENO DE RIVERA

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4 SIMBOLOGIAS COMO TRANSCEN<strong>DE</strong>NTALIZAÇÃO<br />

4.1 Latência da água<br />

Tenho os olhos no céu e as mãos na forja,<br />

entre a matéria e o símbolo me perco.<br />

(Bueno de Rivera)<br />

Uma das maneiras de materializar sonhos, anseios ou receios humanos é através da<br />

criação de elementos iconoclastas; símbolos oriundos de nossas crenças e/ou vivências,<br />

representando idéias mais abrangentes a partir daquele simples elemento. Atestamos, na<br />

poesia de Bueno de Rivera, a utilização de alguns símbolos de elevado valor e sentido.<br />

Elementos como: o boi, a água, o olho, as flores, entre outros mais, aparecem constantemente<br />

em seus poemas, como Leitmotive do seu pensamento.<br />

Dentre esses símbolos por nós citados, destacamos, primeiramente, a água, usada<br />

nos poemas do poeta mineiro como palavra recorrente, com outros símbolos mais a ela<br />

agregados e seguindo a mesma vertente, como a presença constante do eu lírico afogado, além<br />

de elementos aquáticos e o mundo totalmente submerso, em meio aos peixes e à vida marinha.<br />

É como se a imagem da água pudesse, na sua grandiosidade e importância para o poeta,<br />

concretizar o seu pensamento de mostrar todo o mundo afogado, sufocado nesse meio<br />

aquático.<br />

A água está presente em todas as obras de Rivera, mas é primordialmente nas duas<br />

primeiras que ela tem importância, aparecendo em um considerável número de poemas,<br />

aparecendo juntamente com os mais diversos temas desenvolvidos. Alguns críticos literários<br />

apontaram para essa vertente da poesia de Rivera, dentre os quais, Aires da Mata Machado<br />

Filho, que diz: “Transparecem no título do primeiro livro, Mundo submerso, todo sacudido de<br />

terror de poços e cacimbas. O sentimento mostra-se longe de superado no volume de agora,<br />

Luz do pântano”. 95 No próprio nome das obras, Rivera já deixa evidente, portanto, a<br />

importância destinada ao elemento água em seus poemas: no primeiro caso, temos todo o<br />

mundo tomado pelas águas, sendo tudo e todos que ele conhece submergido por esse<br />

ambiente que quase sempre se apresenta inóspito; no segundo, temos a representação de um<br />

estado amorfo, em que não sabemos se estamos na água ou na terra; é um ambiente<br />

encharcado, pantanoso, resquício da submersão do mundo, acontecida no seu primeiro<br />

volume de poesia.<br />

Há nessa atitude toda uma filosofia poética; há aí uma representatividade do<br />

mundo como ele (o poeta) o compreende, contando com as mais diversas figuras a partir<br />

95 MACHADO FILHO, Aires da Mata. Crítica de estilos. p. 131<br />

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