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O EU ÍNTIMO E O EU SOCIAL NA POESIA DE BUENO DE RIVERA

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O tempo não consome<br />

o sal deste chão<br />

o chão não dá água<br />

o chão não dá flor. (PP, p. 116)<br />

110<br />

Salgando o chão que pertencia ao inconfidente, aquela terra seria vista como<br />

maldita, pois perderia sua fertilidade. As palavras do verso aproveitam este fato e o<br />

transformam na lembrança que ainda permanece em nossas mentes sobre o referido episódio,<br />

sendo então algo infindável. O chão, por conta disso, é visto pelo eu lírico como um chão que<br />

“não dá flor”, isto é, nunca vai poder ser belo, em virtude da crueldade ali havida.<br />

Assim é também o que ocorre em “O Profeta”, em que temos o relato do fim dos<br />

tempos na visão do poeta. Em meio ao caos e à agonia, temos uma referência às flores, que é<br />

dada através do seguinte verso: “Os lares estarão vazios, as flores murcharão nas jarras” (MS,<br />

p. 73), deixando entrever com isso que ali não haveria beleza, ou melhor, que o que teria de<br />

belo, iria se acabar. Antes mesmo desse trecho, dois outros versos já falavam, no mesmo<br />

poema, sobre as rosas, profetizando que “As mãos enormes fecharão as portas,/ os pés do<br />

soldado esmagarão as rosas” (MS, p. 71), mostrando com isso o aniquilamento do que é belo,<br />

do que é puro.<br />

Amor, romantismo, sensualidade... várias são as conotações de que as flores, na<br />

poesia de Bueno de Rivera, podem se revestir. São elas símbolos do que é belo, servindo para<br />

colocar a essência da pureza e do sublime nos mais diferentes locais onde aparecem. É,<br />

indubitavelmente, um símbolo que, mesmo não tomando maiores proporções, pela<br />

intensidade que aparece se conflagra como um Leitmotiv de sua poesia.

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