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O EU ÍNTIMO E O EU SOCIAL NA POESIA DE BUENO DE RIVERA

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Machado Filho, analisando essa atitude de Rivera, dá uma opinião sobre tal<br />

atitude, criticando o poema escolhido pelo grau de personalismo nele contido. Diz o crítico:<br />

135<br />

A grande força de Bueno de Rivera é a sinceridade. Apresenta uma visão lírica de<br />

atos e fatos de sua própria vida. Ora, o perigo é essa auto-biografia lírica descambar<br />

em simples depoimento. Felizmente, o autor não rebaixa o teor de seu estro. Só o<br />

faz uma vez. É um poema de reminiscências infantis, no qual, aliás, aparece mais<br />

uma vez o fantasma da professora doida, que provavelmente existiu na realidade.<br />

Bom poema, mas lamentavelmente o estraga o fecho informativo: “Eu e meu irmão<br />

Antônio no crepúsculo”. No caso, o memorialista superou o poeta. 149<br />

Fazendo referência a outro poema de Rivera que também contém certo teor<br />

autobiográfico, vem o referido crítico comprovar o nosso argumento de que o poeta em estudo<br />

insere em seus poemas as reminiscências de sua infância perdida no interior de Minas, unindo<br />

as vivências pessoais à arte de poetar.<br />

Em Luz do pântano, no poema de abertura do livro, “O Astrólogo”, temos uma<br />

referência mais precisa sobre a aproximação entre o poeta e o eu íntimo de seus poemas.<br />

Observemos o trecho:<br />

No megafone, a voz dizia lenta:<br />

3 de abril. Nasceste<br />

quando no campo azul dos signos<br />

o Touro perseguia as Virgens... (LP, p. 10)<br />

Afirmamos isso porque Bueno de Rivera, de fato, nascera no dia 03 de abril do<br />

ano de 1911. 150 Essa seria, pois, uma forma de evidenciar a sua personalidade ali, inserida em<br />

seus poemas.<br />

Na segunda parte de Luz do pântano (o livro é dividido em três partes), temos um<br />

conjunto de poemas em que o eu lírico se identifica consideravelmente com o poeta Bueno de<br />

Rivera. Exemplo é quando cita o nome de Ângela, esposa de Rivera e tema evidente de seis<br />

dos onze poemas desta secção – além dos poemas que retratam situações diversas com a<br />

esposa, muito embora não contenham o seu nome. É essa mulher quem desperta a força<br />

dionisíaca que há nele, força de homem, marido e pai. O primeiro dos poemas desta parte,<br />

“Itinerário de Ângela”, dá-nos uma visão, mesmo que em meio a tanto hermetismo dada a<br />

tendência surrealista apresentada no referido poema, da origem desta mulher que viveu ao seu<br />

lado até o dia de sua morte. Vejamos o poema para que a partir dele possamos tirar nossas<br />

conclusões:<br />

149 MACHADO FILHO, Aires da Mata. Crítica de estilos. p. 145<br />

150 Conf. NEVES, Libério. In: Suplemento Literário. Ano XIX – Nº 943. p. 01

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