11.04.2013 Views

O EU ÍNTIMO E O EU SOCIAL NA POESIA DE BUENO DE RIVERA

O EU ÍNTIMO E O EU SOCIAL NA POESIA DE BUENO DE RIVERA

O EU ÍNTIMO E O EU SOCIAL NA POESIA DE BUENO DE RIVERA

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

carregando essa outra palavra recorrente em sua poesia, que é a de um símbolo floral; o<br />

segundo elemento poderia ser visto como o nosso desejo, algo que buscamos idealisticamente,<br />

mesmo sabendo não estar esta quimera ao nosso alcance. Aqui ainda seríamos capazes de<br />

associar essa “lua dos nossos mortos” ao mesmo astro refletido na água do famoso poema de<br />

Alphonsus de Guimaraens, “Ismália”, objeto buscado pela garota até a sua morte; ou até<br />

mesmo à própria cultura latina, amante que é do astro lunar, em especial os românticos.<br />

Assim sendo, teríamos, mais uma vez, a aproximação velada entre os poemas de Rivera e os<br />

dos que almejaram uma poesia lírica.<br />

Rivera indubitavelmente colocou o melhor do seu intimismo no poema analisado;<br />

trazendo vocábulos como: “rio”, “água”, “peixe”, “rosa”, “lírios”, etc., tenta explicar, de<br />

forma sucinta e através de sua visão metafísica, a similaridade que há entre os seres humanos,<br />

pois a voz do poema sempre se reporta em primeira pessoa do plural, interagindo conosco,<br />

como se todos os homens tivessem os mesmos desejos e/ou padecimentos, em uma visão<br />

metafísica da realidade humana.<br />

5.2 Rivera e o Eu Íntimo<br />

Tudo o que vimos até agora sobre a poesia de Rivera leva-nos a entender que esta<br />

é, em vários aspectos, intimista. Citemos apenas as figuras disformes que povoam em especial<br />

as suas duas primeiras obras poéticas, ou mesmo os recursos lingüísticos desenvolvidos ao<br />

gosto concretista na sua terceira obra, e teremos então uma poesia dada à imagística e ao uso<br />

da metáfora em geral, da alegoria ou mesmo dos símbolos recorrentes abordados no capítulo<br />

anterior; uma poesia que procura, por várias vezes, retratar os mais diversos elementos que<br />

habitavam a mente criadora do poeta, expondo o seu mundo interior, e não simplesmente a<br />

realidade vigente.<br />

Analisando o processo de construção textual, temos que o poeta busca em sua arte<br />

uma realidade como ele a concebe, uma forma nova de interpretação da natureza, isto é,<br />

daquilo que o cerca. Isso ocorre especialmente porque a poesia, um gênero por excelência<br />

metafórico e conotativo, permite mais facilmente a retratação de uma supra-realidade, o que<br />

faz com que encontremos um individualismo nas obras de arte que por vezes chega a ser tão<br />

complexo que impossibilita a sua plena compreensão. Esse individualismo, a que chamamos<br />

124

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!