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O EU ÍNTIMO E O EU SOCIAL NA POESIA DE BUENO DE RIVERA

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As dores do ser humano são, portanto, a preocupação primeira de Bueno de<br />

Rivera. Mesmo na sua última obra, Pasto de pedra, quando aparecem os aspectos telúrico e<br />

nostálgico, o poeta se mostra compassivo com a dor humana, com os vultos históricos de seu<br />

estado que morreram discriminados ou que não tiveram o devido valor enquanto vivos, e até<br />

revoltado com a política local, chegando a apresentar uma ironia pungente em seus versos.<br />

189<br />

É assim que Rivera denomina-se um “Homem sismógrafo/ no poço, no mundo”<br />

(LP, p. 108), detectando o sofrimento do homem tanto no “poço” – local onde “eu me vejo/<br />

presente” (MS, p. 12), isto é, o íntimo do poeta, o seu eu interior – quanto no “mundo”, no<br />

padecimento da humanidade. Observando o ser humano a partir do seu eu íntimo, em uma<br />

análise vertical e supra-real do seus sentimentos, encontramos na poesia de Rivera um ser que<br />

se angustia diante de seus próprios erros, dos fatos do passado e do seu futuro (com<br />

questionamentos sobre a morte). Quando da observância do ser humano do ponto de vista<br />

social, temos um ser preocupado com o sofrimento do homem de forma universal,<br />

questionando-se sobre o futuro da humanidade, mas sempre na esperança de um mundo<br />

melhor.<br />

versos como estes:<br />

Consciente do seu fazer poético, Rivera acaba por revelar sua atitude estética em<br />

Entre o real e o simbólico, o homem divaga.<br />

Hesito em minha escolha. A pedra ou o lírio?<br />

O concreto ou o impalpável?............ (LP, p. 104)<br />

Refere-se mais abertamente a esse aspecto quando afirma ser impossível cantar “a<br />

vida amena” (LP, p. 110), embora saiba “que há magnólias sob a lua”, pois também sabe “que<br />

existem/ soluços e revoltas” (LP, p. 111) no mundo. Fugindo para o recôndito do seu eu,<br />

Bueno de Rivera analisa o íntimo do ser humano, alcançando com isso um universalismo que<br />

o faz buscar sua inserção no mundo, em meio aos outros homens, numa tentativa de se<br />

reconciliar com a sociedade. Encontrando o ser humano em cada um desses polos, em suas<br />

grandezas e baixezas, dada a preocupação existencial do poeta para com o homem individual<br />

e o social, a sua poesia mostra o sofrimento humano e a amargura deste ser, em uma atitude<br />

de análise íntima e, ao mesmo tempo, universal, revelando com isso o seu magistral esforço<br />

de alcançar a plenitude do ser humano.

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