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O EU ÍNTIMO E O EU SOCIAL NA POESIA DE BUENO DE RIVERA

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mesmo concebido por Heidegger, tratando-se “sempre de reivindicar a finitude do estar-aí”, 83<br />

isto é, os desejos e anseios do homem diante do mundo circundante. Rivera então busca o<br />

homem em sua cotidianidade, em sua finitude, e não de forma idealizada. Apesar de procurar<br />

entender o seu íntimo, encontra-o no meio social, como atestam inúmeros poemas:<br />

A minha sensibilidade perturba o trânsito<br />

mas o meu coração percorre as praças,<br />

ávido de notícias! (MS, p. 26)<br />

É a tentativa de detectar o homem em seus mais diversos aspectos como ser que<br />

faz Rivera manter essa preocupação constante com a raça humana, apresentada nos seus três<br />

livros de poesia. Poeta sentimental, busca ele tanto o entendimento de si mesmo como<br />

indivíduo, quanto a análise do homem social. Os versos acima fazem alusão a essa<br />

sentimentalidade; homem solitário, que “perturba” os demais pelo seu jeito de ser, mas que se<br />

preocupa com os seres humanos. Esse é um dos principais objetivos da poesia de Rivera:<br />

detectar os mais diversos aspectos do ser do homem.<br />

3.2 A Finitude Humana<br />

A terceira fase do Modernismo brasileiro apresentou, no conjunto de suas<br />

características, uma visão mais precisa da realidade, assim como uma função mais<br />

instrumentalista no ato de versejar. Bueno de Rivera, pertencente a esta geração, destaca-se<br />

um pouco dela por trazer, como já observamos no primeiro capítulo do nosso estudo, ao lado<br />

do universalismo característico da referida fase, também uma visão intimista, uma poesia algo<br />

hermética, como a de alguns contemporâneos seus que se destacaram nesta vertente lírica.<br />

Entretanto, podemos afirmar que a poesia de Rivera não chega a divagar num ambiente<br />

totalmente onírico, onde a metafísica reine por excelência. Ao contrário, busca ela entender o<br />

que está entre a verdade e a não verdade, entre a matéria e o espírito, como também fizeram<br />

inúmeros outros modernistas, “relatando ora fatos do cotidiano, ora sentimentos humanos”,<br />

buscando “uma poesia que valorizasse o ontológico”. 84<br />

83 VATTIMO, Gianni. Introdução a Heidegger. p. 41<br />

84 LOPES <strong>DE</strong> SOUZA, Anderson Ibsen et al. In: Caminhos, construções e símbolos. p. 82<br />

64

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