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O EU ÍNTIMO E O EU SOCIAL NA POESIA DE BUENO DE RIVERA

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fato o tem, como comprova, por exemplo, a segunda parte de Luz do pântano, intitulada<br />

“Canções”, em que há constantemente a presença de Ângela, esposa de Bueno de Rivera,<br />

chegando o eu lírico dos seus poemas a indicá-la como “a flor do enigma” (LP, p. 43).<br />

Contudo, iremos nos aprofundar nesta análise somente em capitulo posterior. Diremos de<br />

antemão, entretanto, que a flor é cultuada em certos momentos de maneira a beirar o<br />

panteísmo, caso não se fosse desvendada a metáfora ali contida.<br />

Mas as flores, como um signo que percorre todas as obras de Rivera, aparecendo<br />

nos mais diversos locais e das mais variadas formas, são mais que símbolos confessionais;<br />

funcionam como uma forma de configurar o mundo sob uma outra óptica, que é a sua, pela<br />

imagística criada a partir de determinado ponto de vista. Vejamos, como exemplo, a aparição<br />

das flores no poema “Os Mágicos”:<br />

Havia a desolação<br />

na face sem o canto e a claridade.<br />

Mas vieram os mágicos. Nas rosas<br />

germinou o sobrenatural.<br />

Surgiram ruas líquidas. Era a loucura<br />

do amor nascente, floração de luas<br />

na lagoa distante, espelho móvel<br />

de peixes solitários.<br />

Dos ventres infecundos, seios flácidos,<br />

floresciam as cidades como luzes<br />

de eterna memória.<br />

A estrela na solidão selvagem<br />

dominava o coração e as pedras.<br />

Velhos mágicos<br />

dos grandes símbolos;<br />

vós, inventores<br />

da paz perpétua,<br />

da rosa e o verbo,<br />

do pranto e o mar;<br />

vós, que criastes<br />

o alucinatório,<br />

a insubmissão,<br />

o azul e a lágrima,<br />

vós que partistes<br />

rotos e bêbedos,<br />

sem a esperança<br />

de salvação.<br />

Voltai, ó mágicos! (LP, p. 84-5)<br />

De tom altamente hermético, o poema em questão traz a rosa de forma enigmática,<br />

em meio ao mistério dos mágicos que vieram e foram embora “sem a esperança de salvação”.<br />

No momento em que eles se encontravam naquele ambiente, trouxeram a felicidade, a “paz<br />

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