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O EU ÍNTIMO E O EU SOCIAL NA POESIA DE BUENO DE RIVERA

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esses “peixes selvagens”, mostrando o receio de Ângela em adentrar em uma nova terra,<br />

assim como também o tiveram os povos europeus que aqui aportaram a partir de 1500,<br />

considerando os povos nativos desse lugar como selvagens.<br />

Outro poema que também apresenta a figura da esposa de Rivera é “Ângela<br />

Embala o Filho”, que somente pelo título deixa clara essa relação autobiográfica, porque o<br />

poema, na verdade, é um tanto quanto hermético, porém previsível, em virtude da utilização<br />

da flor e da pétala para representar, respectivamente, a mãe e o filho. Observemos:<br />

No rio da noite<br />

voga uma pétala.<br />

Um olho se acende<br />

na pedra do rio.<br />

É o lobo? É o mágico?<br />

No rio do enigma<br />

viaja uma pétala.<br />

Viaja uma pétala<br />

sob o temporal.<br />

No rio do sono<br />

voga uma pétala.<br />

Que mão a protege?<br />

Que voz a conduz?<br />

Sobre as águas voa<br />

uma rosa lúcida.<br />

No rio da noite<br />

uma rosa canta...<br />

Embalando a pétala<br />

uma rosa canta. (LP, p. 53-4)<br />

139<br />

Aires da Mata Machado Filho já havia feito uma crítica a esse poema, apontando<br />

para essa previsibilidade, afirmando que o poema “podia ser menos lógico. A mãe é a rosa,<br />

logo o filho é a pétala”. 151 Contudo, percebemos nele, mais que a mera lógica pelo crítico<br />

citada, uma introspecção surgida a partir de imagens metafísicas; construções surreais, de teor<br />

subjetivo, e que expõem substantivamente o sentimentalismo pretendido pelo autor.<br />

Coadunam-se com o nosso pensamento as palavras de Oscar Mendes, que diz que “quando<br />

Bueno de Rivera se liberta de influências e deixa sua emoção expandir-se, sem preocupações<br />

de intelectualização exagerada da poesia, consegue revelar as virtuosidades mais profundas de<br />

seu sentimento poético”. 152<br />

151 MACHADO FILHO, Aires da Mata. Crítica de estilos. p. 144<br />

152 MEN<strong>DE</strong>S, Oscar. Poetas de Minas. p. 183

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