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O EU ÍNTIMO E O EU SOCIAL NA POESIA DE BUENO DE RIVERA

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Diferentemente do inferno de Dante, esse apontado no título do poema supra-<br />

citado não é realmente o local oposto ao “céu”, mas uma metáfora para se falar nos túneis<br />

subterrâneos feitos por escavadores das minas, à procura de metais preciosos. Como o interior<br />

do nosso planeta é muito quente e à medida que se fazem escavações e se percorre<br />

verticalmente, em direção a esse interior, a temperatura vai aumentando. O poeta compara<br />

toda aquela situação de quentura e ar rarefeito vivida por estes homens.<br />

160<br />

Rivera utiliza muitos adjetivos para se referir a esse operário das minas, como<br />

“vagalumes” (pela necessidade que tais homens têm de trazer em suas cabeças uma lâmpada<br />

acoplada ao capacete, pela ausência de iluminação no local), “homens-tatus” (pela associação<br />

ao ato que esses animais realizam, de cavar), “minhocas-cegas” (pelo mesmo motivo anterior)<br />

e “primata estúpido” (por correr o risco de morrer soterrado na mina que ele próprio abriu<br />

somente por causa de sua busca pelo ouro). Sempre detectando o lado mais sórdido da<br />

realidade, aponta em seus poemas para as mazelas e o sofrimento humanos de uma forma<br />

geral; tenta ele fazer com que o seu leitor desperte para toda aquela situação que ele encara de<br />

maneira hostil.<br />

5.4 O bem e o mal<br />

Procurando entender os mais variados aspectos norteadores dos pensamentos e<br />

atitudes humanas, Bueno de Rivera parte de uma análise vertical do seu íntimo, buscando<br />

tanto o que lhe é mais precioso, quanto suas angústias e medos, desembocando, a partir daí,<br />

no estudo das relações humanas e do seu comportamento, em uma visão existencial-<br />

ontológica. É no ato de parar para observar a si mesmo, e logo em seguida toda a raça<br />

humana, que Rivera entende ter o homem momentos de felicidade, quando narra cenas de<br />

contemplação da vida, assim como momentos angustiantes, revelando a maldade havida<br />

dentro de cada ser humano, fazendo uma separação entre o bem e o mal.<br />

O homem, ser capaz de observar os seus próprios atos e tomar consciência de suas<br />

ações, é interpretado na poesia de Rivera como alguém que encontra o seu lado negativo, ou<br />

seja, a capacidade que o ser humano tem de fazer o mal, de agir contra a vida pacífica. A<br />

nosso ver, o mais intenso desses poemas, vertendo sobre a questão do bem e do mal nos<br />

homens, é “O Negro”, que reproduzimos a seguir:

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