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O EU ÍNTIMO E O EU SOCIAL NA POESIA DE BUENO DE RIVERA

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ao que sentiu Schmidt, que em “Cantos do Liberto Augusto Frederico Schmidt” expõe bem a<br />

sua índole de profundo amante da natureza humana:<br />

Eu amo aos homens todos<br />

Amo aos que são bons porque são bons<br />

Amo aos que são maus porque são infelizes 55<br />

A poesia de Rivera, como que saída do fundo de sua alma, traz percepções<br />

múltiplas diante da experiência vital sentida pelo poeta, o que faz com que seus poemas fluam<br />

espontaneamente, como se o pensamento houvesse passado por uma profunda revolução em<br />

seu íntimo, até sair grandioso. A similitude entre a poesia de Rivera e a de Schmidt se dá<br />

também pelo que estes poetas têm de oposto ao anedótico, ao engraçado, havendo uma<br />

cristalização da poesia de Rivera neste aspecto, pois nos parece que o poeta, percebendo a si<br />

mesmo como um ser inserido no mundo, aplica a sua evolução pessoal em seus poemas. Ela<br />

perpassa o intimismo da poesia schmidtiana para adentrar num mundo mais realista que o<br />

deste, embora ainda subjetivo; e essa supra-realidade, de onde brota todo o seu lirismo, é<br />

prova de uma auto-análise constante, como se o poeta olhasse para um poço, o que chega a<br />

afirmar em poema seu: “Estou vendo o poço./ No fundo profundo eu me vejo/ presente...”<br />

(MS, p. 12), em uma busca do seu próprio íntimo.<br />

É na contemplação do mundo que muitos poetas acabam por preocupar-se com o<br />

ser humano e passam a expressar, então, tal preocupação de forma poética. É assim que<br />

acontece com Bueno de Rivera, que diz que em si “perduram/ as imagens cruéis, sangram, se<br />

estampam” em seu “rosto”, em seu “canto” (LP, p. 107) o sofrimento do homem, comovido<br />

com a dor dos seus semelhantes. Isso é o que também acontece no poema de Schmidt acima<br />

citado, ou em obras de outros poetas mais, como Jorge de Lima, que atesta quase que<br />

apocalipticamente a pobreza dos seres humanos:<br />

Vinde Ó pobres<br />

Vinde os possuidores de pobreza,<br />

os que não têm nome no século.<br />

Vinde os homens de contemplação.<br />

Vinde os que têm a linguagem mudada. 56<br />

55 SCHMIDT, Augusto Frederico. In: COUTINHO, Afrânio. Op. cit. p. 175<br />

56 LIMA, Jorge de. Poesia completa. p. 335<br />

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