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O EU ÍNTIMO E O EU SOCIAL NA POESIA DE BUENO DE RIVERA

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CONCLUSÃO<br />

185<br />

Após o estudo por nós desenvolvido da poesia de Bueno de Rivera, fica evidente o<br />

seu forte caráter ontológico, restando atestarmos conclusivamente que o poeta buscou<br />

trabalhar o humano em praticamente toda a sua produção artística, desde Mundo submerso<br />

(1944) até os seus poemas publicados esparsamente em jornais e revistas, posteriores a Pasto<br />

de pedra (1971), seu último livro publicado – salvo alguns poucos poemas de tendências<br />

outras. Detectamos em seus poemas a presença do sentimento humanístico, que aparece de<br />

maneira contemplativa, nostálgica ou como uma revolta, tudo dentro de um laborioso fazer<br />

estético que impressionou críticos e poetas do seu tempo, “conquistando, para seu nome, o<br />

apreço e a admiração dos mestres, que perceberam nele uma força autêntica, inconfundível de<br />

poeta”. 180<br />

Podemos afirmar, com o término de nossa pesquisa sobre a poesia de Rivera, que<br />

este assume em seu fazer poético uma postura de partir do ôntico para daí chegar ao<br />

ontológico. Assim, trabalha em seus poemas a questão do ser humano em vários enfoques,<br />

que vão desde a simples observância do intrínseco do ser, através de uma poesia lírica, até a<br />

visão deste em sociedade, imerso em um meio de múltiplas relações com o mundo, através de<br />

uma poesia participante. O caráter ontológico de seus poemas assume, pois, uma visão<br />

contemplativa e inquiridora do ser humano, nos mais variados aspectos de sua existência.<br />

Consciente que era do seu fazer estético, o poeta mineiro se utilizou de<br />

elaborações artísticas diversas, dependendo do intuito perquirido. Quando dirigia o tema dos<br />

seus poemas para o lado metafísico, com a perscrutação do seu próprio íntimo, trazia à tona os<br />

elementos que pareciam povoar a sua mente; eram imagens abissais, construídas com o<br />

auxílio de metáforas, sinestesias, prosopopéias e outras figuras de linguagem, dispostas a dar<br />

ao leitor uma visão subjetiva da realidade, criando seres e locais de um hermetismo singular,<br />

tais como: “triângulo negro da abstração” (LP, p. 09), “flor dos enforcados” (LP, p. 13), “ruas<br />

líquidas” (LP, p. 84), “sol de lâmina” (PP, p. 76), “fogo líquido” (PP, p. 111), entre inúmeros<br />

outros. Já quando tem como alvo o fator social, atesta de maneira clara e precisa tanto fatos<br />

cotidianos quanto a relação do homem moderno no meio em que estava inserido, retratando-o<br />

nos mais diversos lugares, podendo estar ele em uma sapataria, no trânsito, numa indústria ou<br />

em uma sorveteria; ou então expõe poeticamente as necessidades e receios que acometem<br />

180 OLIVEIRA, Martins de. Op. cit. p. 365

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