Desenvolvimento e Cidades no Brasil - Redbcm.com.br

DESENVOLVIMENTO E CIDADES NO BRASIL<br />
Contribuição para o Debate sobre as Políticas Territoriais<br />
1 Pesquisadora do Observatório de Políticas Públicas de Pernambuco, Departamento de Ciências Geográficas, Programa de Pós-<br />
Graduação em Geografia UFPE.<br />
Conhecimento, desenvolvimento regional e as<br />
cidades brasileiras<br />
Ana Cristina Fernandes 1<br />
Uma tipologia de cidades objetiva subsidiar a construção da política urbana. No<br />
contexto do trabalho elaborado pela equipe do Observatório Pernambuco de Políticas Públicas<br />
para o Ministério das Cidades do Governo Lula, 2 tratou-se de iniciativa que se<br />
somava, em 2005, a um conjunto de outros esforços de retomada do planejamento no<br />
Brasil, depois de duas décadas de políticas de curto prazo focadas no controle da inflação<br />
e da dívida externa, e de predominância de estratégias de inspiração neoliberal após o Plano<br />
Real. A ideia era identificar diferenças marcantes entre as então 5.507 sedes de municípios<br />
brasileiros de modo a se preverem ações e instrumentos adequados para o desenvolvimento<br />
urbano e melhoria da vida dos cidadãos residentes em lugares tão distintos, quanto São<br />
Gabriel da Cachoeira, AM, e Petrópolis, RJ, Erechim, RS, e Arapiraca, AL, Recife e Curitiba.<br />
Na concepção da equipe, essa ideia implicou necessariamente pensar o urbano na<br />
sua dimensão regional, isto é, compreender a cidade como um fator de distribuição de<br />
infraestruturas, serviços públicos, qualidade de vida e oportunidades para a população no<br />
território, do que apenas focar sua perspectiva intraurbana. Tal compreensão ultrapassa<br />
assim a leitura mais tradicional e urgente da política urbana proposta historicamente no país<br />
voltada para as metrópoles e grandes cidades onde se concentram intensamente a população,<br />
os investimentos e os problemas urbanos, como expressa o estudo “Rede Urbana do<br />
Brasil”, do IPEA/NESUR/IBGE (1999). A tipologia deveria, desse modo, reconhecer as<br />
distinções entre as cidades geradas a partir das regiões que estas cidades polarizam, e<br />
chamar a atenção para as porções do território de ocupação mais recente e aqueles carentes<br />
de estruturas urbanas. Adotava-se, assim, como princípio a importância do reconhe-<br />
2 A coordenação geral do estudo foi conduzida pelo Prof. Jan Bitoun, do Depto. de Ciências Geográficas da UFPE, consultoria de<br />
Tania Bacelar de Araújo e Ana Cristina Fernandes (ambas do mesmo departamento), coordenação técnica de Lívia Izabel Bezerrra<br />
de Miranda, e contou com a participação dos seguintes pesquisadores: Maria Ângela de Almeida Souza (Depto. de Arquitetura<br />
e Urbanismo/UFPE), Demóstenes Andrade de Moraes, Maria Rejane Souza de Britto Lyra (análise multivariada), Ricardo<br />
Zimmmerle da Nóbrega (apoio à análise multivariada), Neison Cabral Ferreira Freire e Fernando Ramalho Soares (cartografia).<br />
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