Desenvolvimento e Cidades no Brasil - Redbcm.com.br
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DESENVOLVIMENTO E CIDADES NO BRASIL<<strong>br</strong> />
Contribuição para o Debate so<strong>br</strong>e as Políticas Territoriais<<strong>br</strong> />
Em que pese os efeitos em termos de desenvolvimento territorial defendidos até<<strong>br</strong> />
aqui, o debate so<strong>br</strong>e a articulação entre divisão de trabalho, cidade e progresso técnico, <strong>no</strong><<strong>br</strong> />
entanto, inspira inquietações entre os analistas sociais de formação crítica, particularmente<<strong>br</strong> />
na chamada “<strong>no</strong>va geografia”. Aspectos <strong>com</strong>o intensificação da exploração do trabalho,<<strong>br</strong> />
destruição de postos de trabalho e bloqueio da capacidade de autodeterminação dos indivíduos<<strong>br</strong> />
e grupos sociais são levantados <strong>com</strong>o questões o<strong>br</strong>igatórias para a construção de uma<<strong>br</strong> />
crítica social do progresso técnico e dos modelos de desenvolvimento nele baseados. Ellul<<strong>br</strong> />
(1964) vai mais além e denuncia, inclusive, a “naturalização” da tec<strong>no</strong>logia introjetada na<<strong>br</strong> />
sociedade contemporânea – de máquinas a medicamentos, de dispositivos de telefonia móvel<<strong>br</strong> />
a meios de teletransporte de informações – que seduz os indivíduos e crescentemente promove<<strong>br</strong> />
a sociedade de consumo.<<strong>br</strong> />
De fato, não se pode negar o papel central da i<strong>no</strong>vação tec<strong>no</strong>lógica <strong>com</strong>o fonte dos<<strong>br</strong> />
retor<strong>no</strong>s crescentes objetivados pela empresa capitalista contemporânea, mais ainda <strong>no</strong><<strong>br</strong> />
presente contexto da acumulação de capital em escala global. Por essa razão, a <strong>no</strong>ção de<<strong>br</strong> />
que a divisão de trabalho leva à “mutilação mental” dos trabalhadores, confinados a tarefas<<strong>br</strong> />
repetitivas, <strong>com</strong>o observava Adam Smith <strong>no</strong> século XVIII, ainda encontra ressonância <strong>no</strong><<strong>br</strong> />
debate crítico do progresso técnico. Mas são os efeitos da apropriação privada dos benefícios<<strong>br</strong> />
da divisão de trabalho em sociedades capitalistas, ao que Marx e Engels na Ideologia<<strong>br</strong> />
Alemã chamaram de alienação do trabalho, o aspecto que deve ser salientado neste debate.<<strong>br</strong> />
Alienação por duas razões: de um lado, a divisão de trabalho – especialmente aquela entre<<strong>br</strong> />
trabalho intelectual e trabalho manual – retira do trabalhador o conhecimento e, por<<strong>br</strong> />
consequência, o domínio so<strong>br</strong>e o conjunto do processo produtivo, sem o qual aumenta sua<<strong>br</strong> />
vulnerabilidade na relação <strong>com</strong> o capital; e, de outro lado, <strong>com</strong> o trabalho resumido a uma<<strong>br</strong> />
fração do processo produtivo e transformado em tarefa repetitiva destituída de criatividade,<<strong>br</strong> />
para Marx, o trabalhador – especialmente o <strong>br</strong>açal – é espiritual e fisicamente reduzido à<<strong>br</strong> />
condição de máquina. Nesse sentido, para ele existe uma divisão não apenas técnica (resultante<<strong>br</strong> />
de necessidades técnicas do trabalho em cooperação) mas também social. Esta última,<<strong>br</strong> />
<strong>no</strong> seu entender, deriva de objetivos de controle social de indivíduos e classes, construído<<strong>br</strong> />
em função de relações de poder que criam e mantêm determinadas hierarquias entre os<<strong>br</strong> />
grupos que constituem uma dada sociedade. Desse modo, a divisão entre trabalho prazeroso<<strong>br</strong> />
e trabalho pesado ou nãoagradável resulta não de determinações técnicas mas de decisões<<strong>br</strong> />
políticas que regem a organização da sociedade, especialmente <strong>no</strong> capitalismo, pois foi<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong> a revolução industrial que a divisão entre trabalho intelectual e manual efetivamente se