Desenvolvimento e Cidades no Brasil - Redbcm.com.br

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DESENVOLVIMENTO E CIDADES NO BRASIL<br />
Contribuição para o Debate sobre as Políticas Territoriais<br />
outros, tudo articulado por uma rede de comunicações e transportes que terminam por<br />
impactar sobre o custo final da produção econômica no território. A analogia entre os<br />
mercados e os territórios revela formas específicas de interação social, “da capacidade dos<br />
indivíduos, das empresas, das instituições e das organizações locais em promover ligações<br />
dinâmicas, propícias a valorizar seus conhecimentos, suas tradições e a confiança que foram<br />
capazes de construir ao longo da história”.<br />
Embora importantes, as condições físicas não são limitantes ao desempenho dos<br />
territórios, podendo vencer pela capacidade de inovação, seja por meio de novos processos<br />
de organização da produção, seja com uma rede de relações interpessoais que amplie as<br />
possibilidades de valorização dessa produção. Assim, o desenvolvimento rural deve ser<br />
concebido dentro de um contexto muito mais territorial que setorial. O desafio consiste,<br />
então, em criar condições para que o agricultor valorize um certo território num conjunto<br />
muito diversificado de atividades e de mercados. Portanto, o sucesso reside numa dinâmica<br />
territorial que se articula em múltiplas escalas. Desta forma, necessárias se tornam as políticas<br />
públicas que estimulem a formulação de projetos descentralizados, valorizadores de<br />
atributos locais e regionais. Mas isso não acontecerá espontaneamente, sendo preciso transformar<br />
as expectativas que as elites brasileiras têm quanto ao meio rural, dando conta de<br />
que há aspectos positivos que se fundamentam na descentralização do crescimento econômico<br />
e no fortalecimento das cidades médias (MDA, 2005).<br />
2. Uma abordagem territorial em múltiplas escalas<br />
A pobreza vem aumentando nas áreas rurais da América Latina, persistindo os problemas<br />
de má distribuição de renda, limitação de acesso a ativos produtivos e aos serviços<br />
de apoio à produção. As assimetrias persistem no meio rural brasileiro, o que exige mudanças<br />
na condução das políticas públicas para o setor, significando, essencialmente, o reconhecimento<br />
da importância da agricultura familiar e do acesso à terra como dois elementos<br />
capazes de enfrentar o desafio da exclusão social no campo, compreendendo uma nova<br />
ruralidade que se articula numa multifuncionalidade, garantindo a produção de alimentos, a<br />
integridade territorial, a preservação da biodiversidade, a conservação dos recursos naturais,<br />
a valorização da cultura e a multiplicação de oportunidades de inclusão. Isso coloca o<br />
País frente aos desafios do desenvolvimento rural sustentável.