Desenvolvimento e Cidades no Brasil - Redbcm.com.br
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2. Novas e antigas desigualdades espaciais<<strong>br</strong> />
76<<strong>br</strong> />
DESENVOLVIMENTO E CIDADES NO BRASIL<<strong>br</strong> />
Contribuição para o Debate so<strong>br</strong>e as Políticas Territoriais<<strong>br</strong> />
O fato de que a urbanização concentrada é difícil de ser enfrentada é indiscutível,<<strong>br</strong> />
pois decorre de práticas e padrões culturais social e historicamente construídos que influ-<<strong>br</strong> />
enciam o <strong>com</strong>portamento dos indivíduos, reproduzirem antigos padrões e exigem muito<<strong>br</strong> />
mais que a simples alocação eficiente de fatores. Como já foi mencionado, em função de<<strong>br</strong> />
sua origem colonial, o sistema urba<strong>no</strong> <strong>br</strong>asileiro nasce excessivamente concentrado ao lon-<<strong>br</strong> />
go do litoral, expressão da estrutura econômica orientada para a fácil exploração e integração<<strong>br</strong> />
da colônia <strong>no</strong>s interesses da metrópole portuguesa. Nesse contexto, cidades eram poucas,<<strong>br</strong> />
porque não eram tão necessárias à realização das atividades predominantes. Segundo Aroldo<<strong>br</strong> />
de Azevedo (1956), em pioneiro estudo so<strong>br</strong>e a urbanização <strong>br</strong>asileira, havia não mais que<<strong>br</strong> />
70 vilas e “cidades” 8 criadas até o século XVIII <strong>no</strong> país, a grande maioria das quais situada<<strong>br</strong> />
<strong>no</strong> eixo litorâneo.<<strong>br</strong> />
Lentamente, e a<strong>com</strong>panhando o processo de integração do mercado nacional o qual<<strong>br</strong> />
vai se acentuando apenas <strong>no</strong> século XX, depois de rompido o pacto colonial e constituído<<strong>br</strong> />
o regime republica<strong>no</strong>, esse quadro foi se modificando, especialmente a partir da Revolução<<strong>br</strong> />
de 1930. Mas é só na década de 1970 que efetivas mudanças vão finalmente adensar a<<strong>br</strong> />
ocupação (e a exploração econômica) da porção ocidental do território, que<strong>br</strong>ando em<<strong>br</strong> />
alguma medida a inércia da rede urbana mencionada acima. O centro de gravidade da<<strong>br</strong> />
eco<strong>no</strong>mia nacional havia se deslocado para o sudeste, enquanto a indústria se consolida<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>o principal fonte de crescimento econômico, ao promover um intenso processo de<<strong>br</strong> />
ampliação do mercado inter<strong>no</strong>, <strong>com</strong> repercussões significativas so<strong>br</strong>e a expansão da fron-<<strong>br</strong> />
teira agrícola e mineral, <strong>com</strong> o incentivo do Estado (Ca<strong>no</strong>, 1990). A crise da dívida externa<<strong>br</strong> />
na década seguinte acentua essa expansão, à medida que as exportações de soja, carne e<<strong>br</strong> />
outras <strong>com</strong>modities agrícolas e minerais auxiliam a redução do deficit <strong>com</strong>ercial agravado<<strong>br</strong> />
pelos choques do petróleo.<<strong>br</strong> />
Esse movimento favoreceu a criação de <strong>no</strong>vos e o crescimento de antigos núcleos<<strong>br</strong> />
urba<strong>no</strong>s <strong>no</strong> interior do país, o que propiciou a desconcentração de alguma infraestrutura<<strong>br</strong> />
8 O termo cidade aqui se refere a fenôme<strong>no</strong> muito incipiente e distinto daquele utilizado neste estudo.