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Desenvolvimento e Cidades no Brasil - Redbcm.com.br

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DESENVOLVIMENTO E CIDADES NO BRASIL<<strong>br</strong> />

Contribuição para o Debate so<strong>br</strong>e as Políticas Territoriais<<strong>br</strong> />

trabalho (sendo a divisão entre campo e cidade a mais emblemática, embora mal definida)<<strong>br</strong> />

e não há divisão de trabalho um pouco avançada sem a intervenção de uma cidade.<<strong>br</strong> />

A <strong>no</strong>ção de divisão de trabalho é amplamente reconhecida <strong>com</strong>o fator o responsável<<strong>br</strong> />

pelo crescimento qualitativo da produtividade e, portanto, da eficiência da eco<strong>no</strong>mia e da<<strong>br</strong> />

produção de excedentes, fundamentando o crescimento do <strong>com</strong>ércio, do mercado e, por<<strong>br</strong> />

consequencia, das cidades. Reconhecendo que a especialização do trabalho em forma<<strong>br</strong> />

cooperativa é um aspecto central para a <strong>com</strong>preensão da divisão de trabalho, estudiosos<<strong>br</strong> />

têm-se se de<strong>br</strong>uçado so<strong>br</strong>e o tema bem antes das observações fundadoras de Alfred Marshall<<strong>br</strong> />

(1890) so<strong>br</strong>e os distritos industriais ou da ciência regional de Walter Isard (1956). 6 Associ-<<strong>br</strong> />

ada à ideia de eco<strong>no</strong>mias de aglomeração e externalidades que caracterizam as cidades, a<<strong>br</strong> />

divisão de trabalho é considerada por Adam Smith <strong>com</strong>o a lo<strong>com</strong>otiva do progresso eco-<<strong>br</strong> />

nômico, o que inspira Braudel (op. cit.) a afirmar que a produtividade rural é criada so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

a fundação da produtividade da cidade. Daí sua referência a Jane Jacobs e seu “A eco<strong>no</strong>-<<strong>br</strong> />

mia das cidades”. Neste peque<strong>no</strong> livro, publicado ainda na década de 1960, Jacobs (1969)<<strong>br</strong> />

discute a divisão de trabalho a partir da ideia de que o progresso técnico primeiro ocorre<<strong>br</strong> />

em cidades e depois <strong>no</strong> campo: instrumentos agrícolas, culinária e mesmo cultivo mais<<strong>br</strong> />

produtivo de alimentos (obtido pelo uso de <strong>no</strong>vos instrumentos de metal) foram inventados<<strong>br</strong> />

e primeiro aplicados nas pequenas cidades medievais e só depois <strong>no</strong> campo; as habilidades<<strong>br</strong> />

profissionais e as guildas foram primeiro formadas enquanto organizações citadinas, que<<strong>br</strong> />

vão posteriormente ressentir-se da concorrência da indústria têxtil transplantada para dis-<<strong>br</strong> />

tritos rurais <strong>no</strong> final da era medieval e início da renascença europeia.<<strong>br</strong> />

Embora reconheça que divisão de trabalho não seja – <strong>com</strong>o a cidade – invenção<<strong>br</strong> />

capitalista, Jacobs a <strong>com</strong>preende <strong>com</strong>o fator fundamental para a produção de excedentes,<<strong>br</strong> />

constituindo-se a principal fonte de crescimento do mercado, mesmo em condições impró-<<strong>br</strong> />

prias à evolução de eco<strong>no</strong>mias de escala, <strong>com</strong>o <strong>no</strong>s altamente especializados distritos in-<<strong>br</strong> />

dustriais observados por Marshall na Inglaterra do século XIX, ou na conhecida Rota 128,<<strong>br</strong> />

na região <strong>no</strong>rte-americana de Boston, já mencionada por Jacobs <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 1960. Retoman-<<strong>br</strong> />

6 O verbete “division of labour” na Wikipedia de língua inglesa apresenta registros so<strong>br</strong>e divisão de trabalho em autores bem<<strong>br</strong> />

anteriores aos profundos impactos urba<strong>no</strong>s e ocupacionais da revolução industrial ao longo do século XIX, quando o tema se<<strong>br</strong> />

torna objeto de grande interesse entre os pensadores sociais, Émile Durkheim e Karl Marx dentre eles. É o caso dos gregos<<strong>br</strong> />

Platão e Xe<strong>no</strong>fon, o eco<strong>no</strong>mista inglês do século XVII William Petty, além de diversos autores do século XVIII, <strong>com</strong>o Bernard de<<strong>br</strong> />

Mandeville e Adam Smith.<<strong>br</strong> />

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