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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSO corpo do estudante foi entregue à família em caixão lacrado. Militares do II Exército acompanharam o traslado dos restos mortais paraSão Paulo, proibindo a realização do ritual judaico de sepultamento no cemitério israelita do Butantã, que inclui um banho no cadáver, paraque as verdadeiras circunstâncias de sua morte não ficassem estampadas.WLADEMIRO JORGE FILHO (1938 - encontrado vivo)Número do processo: 075/96Filiação: Arlinda da Silva Gonçalves e Wlademiro Jorge GonçalvesData e local de nascimento: 27/05/1938, local não consta nos autosOrganização política ou atividade: sindicalista e guerrilha de CaparaóData e local da morte: desaparecido desde 1969 e localizado vivo em 1998.Relator: Nilmário MirandaDeferido em: 10/04/97 por unanimidadeData da publicação no DOU: 16/04/97O caso de Wlademiro Jorge Filho foi apresentado em 1996 à CEMDP pelo seu filho Ueliton Nascimento Jorge. Casado com Maria José NascimentoJorge, Wlademiro foi durante 13 anos ferroviário na Estação Leopoldina, Rio de Janeiro, onde trabalhou como auxiliar de trens até ser demitidopor abandono de emprego em 17/10/1966. Desapareceu em 13/02/1969, conforme alegação documental de sua esposa e de seu filho. Segundo aesposa, Wlademiro viajava muito em razão de sua militância política. Em 1982, a esposa obteve Declaração de Ausência por via judicial. Com basenos documentos apresentados, o processo foi aprovado por unanimidade na Comissão Especial, sendo efetivado o pagamento da indenização.Entretanto, em agosto de 1998, Ueliton Nascimento Jorge, o filho requerente e beneficiário, enviou uma Carta Declaratória à ComissãoEspecial informando que: “ao requerer a pensão de minha mãe junto à agência do INSS do Município de Cantagalo(RJ), fui surpreendido porum funcionário daquela agência informando que havia um cidadão aposentado recebendo pensão previdenciária, cujo nome e qualificaçãocorresponde com a de meu pai”. Ueliton investigou e concluiu que seu pai está vivo e residindo na cidade de São Paulo. Em sua carta àCEMDP, o filho solicitou informações de como proceder, pois já havia sido paga a indenização.Matéria da Folha de S. Paulode 09/08/1998 com o título que “ Reaparece em SP desaparecido de 69”, informa que “ele abandonou a famíliaem 69 e nega ter atividade política. Não sou morto-vivo, disse. A polícia está no caso e, se descobrir que houve má-fé, o dinheiro da indenizaçãodeverá ser devolvido”.Foram colhidos, também, inúmeros depoimentos de antigos companheiros de Wlademiro, que reafirmam terem atuado com ele em greves eatividades sindicais dos ferroviários já antes de 1964, bem como de um comandante da chamada Guerrilha de Caparaó, Amadeu Felipe daLuz Ferreira, que atesta ter sido ele um dos militantes envolvidos no apoio logístico daquela tentativa de resistência armada, ocorrida coincidentementeno período em que ele abandonou o emprego. Wlademiro recusou-se a admitir essa militância anterior, depois de localizadovivo, configurando-se, assim, uma situação misteriosa que ainda não pode ser devidamente decifrada.A CEMDP enviou documento à Polícia Federal informando sobre a localização de Wlademiro e solicitando as investigações necessárias paraa elucidação do acontecido, mas lembrando que: “O artigo 11, da Lei nº 9.140/95, prevê no caso de localização com vida, de pessoa desaparecida,ou de existência de provas contrárias às apresentadas, serão revogados os respectivos atos decorrentes da aplicação da Lei, não cabendoação regressiva para o ressarcimento do pagamento já efetuado, salvo na hipótese de comprovada má-fé. Ressaltamos, por oportuno, quetivemos ciência do fato, por meio de Ueliton Nascimento Jorge, filho do suposto desaparecido, cuja credibilidade não nos deixa crer ter havidomá fé dos familiares”. Informação passada à Comissão Especial no início de 2005 registra que Ueliton Nascimento Jorge estava prestandocontas junto ao Ministério Público.| 111 |

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