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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEe Marília Branco. Benetazzo também se dedicava à pintura e à fotografia. É dele a capa do primeiro livro do escritor Mário Prata - O morto quemorreu de rir, publicado em 1969. A revista oficial de debate e cultura do PT, Teoria e Debate, também trouxe em uma de suas capas uma pinturadesse militante e artista. Em 1967, Benetazzo desligou-se do PCB, passando a integrar a DISP – Dissidência Estudantil de São Paulo, vinculando-seem 1969 à ALN. Participou do 30° Congresso da UNE, em Ibiúna, em 1968. Em julho de 1969, deixou a universidade e as escolas em que lecionava,passando a atuar na clandestinidade. Viajou para Cuba, recebeu treinamento militar e retornou ao Brasil em 1971, integrado ao MOLIPO, sendo oredator do jornal Imprensa Popular, órgão oficial da organização, e membro de sua direção.Antônio Benetazzo foi preso em 28/10/1972, ao entrar na casa do torneiro mecânico, também militante político, Rubens Carlos Costa,na Vila Carrão, em São Paulo, que seria uma espécie de armeiro do Molipo, segundo informações dos órgãos de segurança. Foi levado aoDOI-CODI/SP, onde permaneceu até ser morto. A versão oficial, divulgada no dia 2 de novembro, foi a de que teria indicado aos agentesum encontro com companheiros na rua João Boemer, no Brás, em São Paulo e que, chegando ao local, teria se jogado sob as rodas de umcaminhão. Foi enterrado como indigente, no Cemitério de Perus, no dia 31, dois dias antes da divulgação da sua morte.O laudo de necropsia, assinado, por Isaac Abramovitc e Orlando J. B. Brandão, concluiu que o examinado faleceu em virtude de choque traumáticopor politraumatismo. Estranhamente, na foto de seu corpo não aparecem deformações na fisionomia que necessariamente seriamprovocadas pelas fraturas descritas no crânio. Não há escoriações. Tampouco o laudo descreve qualquer marca de borracha dos pneus ousujeira nas vestes, assim como não menciona um grande hematoma na pálpebra, perfeitamente visível na única foto do cadáver localizadanos arquivos secretos do DOPS/SP.O relator do processo na CEMDP apresentou voto favorável ao deferimento do caso, considerando a prisão e o suposto suicídio condições perfeitamenteenquadradas nos dispositivos para inclusão nos benefícios da Lei nº 9.140/95. Nilmário Miranda e Suzana Lisbôa fizeram constar em ataa certeza de que Antônio Benetazzo fora preso e morto sob torturas, sendo falsa a versão oficial de suicídio. Uma pequena praça localizada atrásdo MASP – Museu de Arte de São Paulo, nas imediações da avenida Paulista, em São Paulo, foi batizada com o seu nome.JOÃO CARLOS CAVALCANTI REIS (1945-1972)Número do processo: 167/96Filiação: Helena Cavalcanti Reis e João Viveiros ReisData e local de nascimento: 8/8/1945, Salvador (BA)Organização política ou atividade: MOLIPOData e local da morte: 30/10/1972, em São Paulo (SP)Relator: Nilmário MirandaDeferido em: 7/8/1997 por 6x1 (voto contra do general Oswaldo Pereira Gomes).Data da publicação no DOU:13/8/1997Baiano de Salvador, João Carlos Cavalcanti Reis cursava o quinto ano da Faculdade de Engenharia Mackenzie, em São Paulo, quando sevinculou à ALN e participou de algumas ações armadas durante o ano de 1969. Saiu do país após a onda de prisões que atingiu a organizaçãono final daquele ano, envolvendo um seu sobrinho, Manoel Cyrillo de Oliveira Neto, participante do seqüestro do embaixador norteamericano,Charles Burke Elbrick. Depois de receber treinamento militar em Cuba, retornou clandestinamente ao Brasil, já como militantedo Movimento de Libertação Popular – MOLIPO. Foi morto no bairro de Vila Carrão, na capital paulista, no dia 30/10/1972. A versão oficialanunciava que, após travar tiroteio com agentes dos órgãos de segurança, foi ferido e morreu.Os legistas Isaac Abramovitc e Orlando Brandão assinaram o óbito alegando como causa da morte lesões traumáticas crânio-encefálicas.Os familiares viram o corpo no IML, onde também se encontrava o corpo de Antonio Benetazzo, dirigente do MOLIPO morto no mesmodia. O caixão funerário foi entregue lacrado e soldado, sob o compromisso e a recomendação de jamais ser exumado. Durante o enterro noCemitério Gethsêmani, um agente de segurança vigiou os procedimentos da família.| 316 |

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