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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSLUIZ VIEIRA (* - 1973)Número do processo: 165/96Filiação: Maria Vieira e Manoel VieiraData e local de nascimento: não foi informado pelos familiaresOrganização política ou atividade: Forças Guerrilheiras do AraguaiaData do desaparecimento: 31/12/1973Data da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95Camponês que se incorporou à guerrilha. Era franzino e mestiço com índio, de aproximadamente 45 anos de idade. Morava na localidade deBacaba, perto de São Domingos (PA), onde tinha uma roça. Segundo depoimento de sua esposa, Joana Vieira, foi morto próximo da FazendaFortaleza. A viúva conta que o corpo de Luiz foi abandonado no local e não pode ser resgatado porque os soldados proibiram a populaçãode entrar na mata. O filho de Luiz, José, foi preso e obrigado a fazer o serviço militar. Para isso, sua idade foi alterada em seis anos, pois àépoca já contava 24.José Ribamar Ribeiro Lima, em declaração prestada no dia 04/07/96, na sede da Procuradoria da República no Estado de Roraima, ao procuradorchefe,Osório Barbosa, conta que assistiu à execução de Luizinho - “baixo, moreno, cabelos lisos e pretos” - por uma patrulha comandada pelo CaboAndrada. Segundo Ribamar, “ele (Luizinho) morava a uns quinze a vinte quilômetros da Vila Bacaba e, nesse dia, a patrulha comandada por Andradaera composta por quinze homens, inclusive José Ribamar. Chegaram ao local da casa de Luizinho, que encontrava-se vazia. Caminharam mais unsseiscentos metros e por ter ficado para traz, o depoente já encontrou a vítima morta com um tiro dado pelas costas”. Nas fichas entregues ao jornalO Globo em 1996, consta a seguinte anotação:“‘Luizinho’ - elemento local - morto em 31 Dez 73”.Hugo Studart também aponta 31 de dezembro como data da morte, apoiando-se no Dossiê Araguaia, escrito por ex-participantes da repressãoà guerrilha.DERROTA DA GUERRILHA E EXTERMÍNIO EM 1974Em meados de janeiro de 1974, quando a organização guerrilheira já seencontrava bastante atingida pela ação das forças da repressão, ÂngeloArroyo conseguiu sair da área conflagrada, guiado por Michéas Gomesde Almeida. A partir desse período, sem as informações de seu relatório,as referências sobre a morte ou desaparecimento de outros 30 guerrilheirosno ano de 1974 se tornam mais precárias e contraditórias do quenos casos apresentados até aqui. A ordem cronológica seguida nestelivro-relatório torna-se mais irregular nos casos seguintes, constatandosefortes discrepâncias entre diferentes datas e versões.Arroyo registrou em seu Relatório que, no dia 29/11/1973, reuniram-se25 guerrilheiros na floresta e decidiram separar-se emcinco grupos, cada um tomando uma direção. A esses poderiam sersomados, ainda, alguns poucos guerrilheiros que tinham perdido ocontato com o comando da guerrilha, mas provavelmente permaneciamvivos. As informações que puderam ser colhidas, aos poucos,durante mais de 30 anos, numa difícil pesquisa de familiares,advogados, militantes políticos e defensores dos <strong>Direito</strong>s Humanosdesde então, serão apresentadas a seguir.1993. Outras entram em colisão, impedindo a revelação de mistériosque seguem torturando até hoje, como verdadeiro crime continuado,mães, pais, filhos, filhas, irmãos e companheiros que exigem, com todaa legitimidade, o sagrado direito de sepultar seus mortos.Sem o Relatório Arroyo, as informações sobre a morte ou desaparecimentodos militantes que permaneceram na região são, basicamente,as que constam nos relatórios militares – com nítidasinconsistências e algumas contra-informações –, as dos depoimentosde moradores da região ao Ministério Público Federal e aoutros grupos que visitaram a região do Araguaia a partir de 1980,e ainda as que a grande imprensa divulga esporadicamente. Sejana forma de livros, seja de matérias e reportagens em seus veículos,os trabalhos jornalísticos muitas vezes se baseiam em informaçõesou documentos fornecidos por militares que, preferindo semanter no anonimato, asseguram ter participado diretamente dasoperações. Sua oitiva formal pelos comandos superiores seguramentedecifrará mistérios e contradições, permitindo um trabalhoeficaz de localização dos restos mortais.Muitas das informações reunidas exibem compatibilidade com as datasde morte que foram oficializadas pelo Relatório da Marinha, deSegundo o relato de Ângelo Arroyo, Nelson Lima Piauhy Dourado,Jana Moroni Barroso, Maria Célia Corrêa e Pedro Carretel estavam| 235 |

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