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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSSeu nome (apelido) faz parte do Dossiê dos Mortos e DesaparecidosPolíticos, mas não consta no Anexo da Lei nº 9.140/95 porque, na época,não era conhecida a sua identidade completa. Não foi apresentado requerimento por seus familiares à CEMDP, o que impediu a formaçãodo processo para determinar indenização pelo seu desaparecimento.Raimundo Nonato dos Santos, o Peixinho, mateiro que serviu como guia do Exército, informou em depoimento prestado em 2001: “ZéCatingueiro contou para o depoente que Pedro Carretel lhe teria ameaçado de morte quando fosse solto; dessa forma Zé Catingueiro foireclamar junto ao Comandante, que teria determinado a morte de Pedro Carretel. Não soube informar qualquer lugar de sepultura, pois tudoera mantido em sigilo. A operação que resultou na morte de Nelito e prisão de Pedro Carretel foi comandada pelo capitão Rodrigues”.O relatório de 2002, do Ministério Público Federal, já referido no caso anterior, também registra que Carretel foi visto preso, com possível equívocona data indicada: “Pedro Matias: Pedro Carretel (camponês que aderiu à guerrilha), na base da Bacaba, em 1973, vestido de mulher, condição emque foi mostrado à sua esposa. Manoel Leal Lima (Vanu) relatou que ao final da guerrilha Pedro Carretel foi morto na Bacaba, assim como Duda (LuísRené Silveira e Silva) e Piauí (Antônio de Pádua Costa). Vanu disse ter acompanhado a equipe que os executou”Hugo Studart indica que a data da morte de Carretel constante no Dossiê Araguaia é 6 de janeiro de 1974, a mesma que aparece numa dasfichas publicadas em O Globono ano de 1996: “elemento local; foi ferido no choque em que ‘caiu’ Nelito; apareceu ‘estrupiado’ (ferido) em06 Jan. 74 e foi entregue à força por moradores locais”.PEDRO ALEXANDRINO DE OLIVEIRA FILHO (1947-1973)Número do processo: 112/96Filiação: Diana Piló de Oliveira e Pedro Alexandrino de OliveiraData e local de nascimento: 19/03/1947, Belo Horizonte (MG)Organização política ou atividade: PCdoBData do desaparecimento: 04/08/1974Data da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95Mineiro de Belo Horizonte, Pedro fez o 1º e o 2º graus no Colégio Anchieta, naquela capital. Bancário, começou a trabalhar, em 1962, aos 15anos, no Banco Hipotecário do Estado de Minas Gerais, atual Bemge. Em 1967, foi transferido para São Paulo, onde terminou seus estudose fez um curso de Inglês. Dois anos depois, retornou para Belo Horizonte. Nessa época, já era procurado pela polícia por suas atividadespolíticas. Como estudante universitário participou do Movimento Estudantil em São Paulo.Foi preso pela primeira vez em dezembro de 1969, dentro da casa de sua irmã Ângela, no bairro Gutierrez, para onde correu quando se sentiuseguido e ameaçado. Lá, levou coronhadas na cabeça, pontapés e foi desnudado e espancado na frente de suas duas sobrinhas, de três equatro anos de idade. Levado para o DOPS/MG foi torturado. Quando solto, estava surdo de um ouvido e com o outro em péssimo estado.Pedro passou o Natal de 1969 com a família. Depois dessa data, nunca mais foi visto por seus familiares, passando a viver na clandestinidade,como militante do PCdoB. A casa de seus pais foi várias vezes invadida por policiais à sua procura. Sua mãe, Diana, nãosuportando as constantes invasões, resolveu mudar-se para o Rio de Janeiro. Lá tentou encontrar o paradeiro de seu filho. Bateu emtodas as portas: Igreja, Comissão de <strong>Direito</strong>s Humanos, Comissão Justiça e Paz e outras tantas, até que encontrou um casal, Edgar eCirene (hoje falecidos), que buscava notícias de dois filhos e uma nora, também desaparecidos. Nessa ocasião, a família soube quePedro tinha uma namorada, Tuca (Maria Luiza Garlipe, também desaparecida), enfermeira do Hospital das Clínicas de São Paulo eque havia ido com ele para o Araguaia.No Araguaia, Pedro adotou o nome Peri e viveu a partir de 1970 na Região do Gameleira, incorporando-se ao Destacamento B. Nas cartasenviadas à família pedia notícias de todos e falava de sua caminhada, de seu compromisso com o povo brasileiro e do significado da luta| 259 |

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