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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSO depoimento de Inês Etienne no caso de Marilena, as contradições na data para a morte de Mário (dia 2 ou dia 3); as contradições nohorário da morte (20:45, como diz o óbito, ou 23:00, como diz o Exército); as marcas evidentes de hematomas no rosto; o enterro semidentificação; a divulgação tardia foram os elementos apontados pelos relatores para contestar a versão oficial.Os indícios apontados por Nilmário Miranda não bastaram como prova, para a maioria da CEMDP, de que a morte de Mário Prata não ocorrerano tiroteio alegado, sendo indeferido o requerimento. Seu processo somente foi aprovado após a edição da Lei nº 10.875/04, quandofoi possível reabrir a análise do caso e deferir o requerimento da família.DEVANIR JOSÉ DE CARVALHO (1943-1971)Número do processo: 127/96Filiação: Esther Campos de Carvalho e Ely José de CarvalhoData e local de nascimento: 15/07/1943, Muriaé (MG)Organização política ou atividade: MRTData e local da morte: entre 5 e 7/04/1971, São PauloRelator: Nilmário MirandaDeferido em: 29/02/96 por unanimidadeData da publicação no DOU: 06/03/96Operário metalúrgico no ABC paulista, mineiro de Muriaé, Devanir José de Carvalho foi morto em abril de 1971, no dia 5, se merecercrédito a data firmada em seu laudo de necropsia, ou por volta do dia 7 conforme explicado adiante. Conhecido como “Henrique” na vidaclandestina, era um dos militantes mais temidos e odiados pelos órgãos de segurança de São Paulo naquele momento, por imputarem a eleparticipação em algumas ações armadas que resultaram em mortes de policiais ou guardas.Na década de 50, sua família migrou de Minas Gerais para São Paulo em busca de melhores condições de vida. Devanir encontrou trabalhono ABCD paulista quando a indústria automobilística se implantava naquela região. Ainda adolescente, tinha aprendido com o irmãomais velho o ofício de torneiro mecânico e, desde então, passou a trabalhar em empresas metalúrgicas de grande porte, como a Villares ea Toyota, em São Bernardo do Campo.Em 1963, aos 20 anos, casou-se com Pedrina José de Carvalho, com quem teve dois filhos. No mesmo ano, começou a atuar no Sindicatodos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, participando de greves. Data desse período sua vinculação ao PCdoB. Após a deposiçãode Goulart, fugiu da repressão política mudando-se com a família para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como motorista de táxi. Emalguns documentos dos órgãos de segurança do regime militar, consta que ele teria recebido treinamento de guerrilhas na China.Em 1967, rompeu com o PCdoB, alinhado com o grupo dissidente que deu origem à Ala Vermelha. Finalmente, em 1969, liderou novadissidência nesse grupo para constituir o MRT. Dentre seus irmãos, dois estavam presos desde 1969, processados por militância naAla Vermelha. Foram banidos do país em janeiro de 1971, em troca do embaixador suíço. Retornaram clandestinamente ao Brasilpara retomarem a atividade de resistência armada ao regime e integram a lista de desaparecidos políticos desde 1974: Joel José deCarvalho e Daniel José de Carvalho.Pelo que foi possível reconstituir da morte de Devanir, ainda hoje recoberta de mistério, ele foi recebido por uma rajada de metralhadoraquando chegou à uma residência da rua Cruzeiro, no bairro Tremembé, em São Paulo. Levado ao DOPS, onde teria permanecidos dois dias,foi torturado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury.Em seu voto na CEMDP, aprovado por unanimidade, o relator se apoiou no depoimento prestado por Ivan Seixas: “quando fui preso,em 16/04/1971, ouvi vários torturadores do DOI-CODI do II Exército contarem detalhes sobre a morte de ‘Henrique’, codinome de| 155 |

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