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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSOutro ex-preso político, Luiz Andrea Favero, escreveu depoimento relatando ter visto Gustavo no DOPS de Porto Alegre: “Na sala estavam3 policiais que depois eu soube serem do DOPS de Porto Alegre e do Cenimar do Rio de Janeiro e estava também Gustavo Buarque Schiller,que apresenta hematomas e marcas de queimaduras por todo o corpo e se mantinha em pé com certa dificuldade. Neste momento foi ele quepassou a receber choques elétricos para confirmar que me conhecia e que havíamos praticado ações subversivas. Esta sessão de torturas einterrogatórios durou mais ou menos 30 minutos”. E resume também um diálogo mantido com ele alguns dias depois: “Gustavo nos relatouque havia sido muito torturado, assim como outros companheiros nossos e nos mostrou marcas de queimaduras pelo corpo que haviam sidofeitas com pontas de cigarros acesos. Nos mostrou também que seu nariz havia sido fraturado e ainda estava muito inchado. Além das marcasde queimaduras pudemos ver hematomas e outros sinais de pancadas nos braços e nas costas”.Dez meses depois, Schiller foi um dos 70 militantes banidos e enviados ao Chile em troca da liberdade do embaixador suiço, seqüestrado noRio de Janeiro em 07/12/1970. Passou a sofrer de crises depressivas, causadas pela intensidade das torturas sofridas.Quando morreu, Gustavo era casado com Lúcia Souza da Rocha, que conheceu em Paris três anos antes. Tinham uma filha, Joana, que naépoca de sua morte tinha 1 ano e oito meses. Lúcia relata que Gustavo continuava se ‘auto-exilando’ durante a permanência em Paris,embora tivesse conseguido a nacionalidade francesa. Na Sorbonne, cursou Filosofia, Sociologia e Economia. Com a Anistia de 1979, tinhavoltado ao Brasil, indo morar na ilha de Marajó, em Salvaterra, numa praia. Ali nasceu Joana, mas suas crises depressivas se intensificaram,tendo tentado o suicídio inúmeras vezes.Em 1985, foi para o Rio de Janeiro e começou a trabalhar no estaleiro Mauá, como pesquisador, onde ficou até 21 de setembro. Na madrugada dodia 22 de setembro, cometeu suicídio, jogando-se da janela do apartamento em que morava na avenida Nossa Senhora de Copacabana.Nativo Natividade DE OLIVEIRA (1953 – 1985)Número do processo: 056/02Data e local de nascimento: 20/11/1953, em Perobas (MG)Filiação: Laurita de Oliveira e Benedito Rodrigues de OliveiraOrganização política ou atividade: sindicalista ruralData e local da morte: 23/10/1985, em Carmo do Rio Verde (GO)Relator: André Sabóia MartinsIndeferido em: 26/08/2004 por unanimidadeData da publicação no DOU: 03/09/2004Nativo Natividade de Oliveira era líder sindical dos trabalhadores rurais em Carmo do Rio Verde, estado de Goiás, e foi assassinado em23/10/1985. O pedido para o seu reconhecimento trouxe, em anexo, documento com o depoimento de Dom Tomás Balduíno, bispo de GoiásVelho, cuja diocese abrange aquela cidade.Dom Tomás conta que conheceu Nativo Natividade de Oliveira e sua esposa em 1973, quando eles faziam parte das comunidades eclesiaisde base em sua Diocese. Nativo foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Carmo do Rio Verde entre os anos de 1982 e 1985.Também foi militante do PT e membro da CUT desde a fundação.Tinha sido preso em 1984, em Carmo do Rio Verde, quando defendia umtrabalhador que tinha sido detido injustamente.Segundo o depoimento do bispo, Nativo e sua esposa eram taxados de subversivos e causadores de agitação, recebendo repetidas ameaçasem conseqüência disso. Dom Tomás conta que, em julho de 1985, o soldado Anastácio e outros dois soldados da PM foram ao Sindicato efizeram várias perguntas sobre o trabalho político de Nativo.Em função de sua atuação política, Nativo foi perseguido e assassinado em 23/10/1985, a mando do prefeito de Carmo do Rio Verde, RobertoPascoal Liégio, do presidente do Sindicato Rural (patronal), Geraldo dos Reis de Oliveira, pertencente à temível UDR – União Democrática| 437 |

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