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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADENa cópia da cédula de identidade de Lourenço, anexada aos autos do processo formado na CEMDP, consta apenas Ceará como local denascimento. Viveu 15 anos com Dalva Soares Pereira, com quem teve dois filhos. Na versão militar, ele foi encontrado morto, às 8h20 dodia 30/07/1977, na cela nº 1 do pavilhão de presídio da 1ª Companhia de Polícia do Exército, no Rio de Janeiro.Já na certidão de óbito está escrito que Lourenço morreu às 12h, tendo como causa mortis asfixia mecânica por enforcamento. O examenecroscópico foi firmado por Roberto Blanco dos Santos e Amadeu da Silva Lopes. A versão oficial é de que teria se enforcado, “sendoencontrado com um laço no pescoço, formado por uma cueca preta de nylon – tipo zorba, com a outra extremidade presa ao registro da descargado vaso sanitário, no qual o extingo se achava sentado”.Seu nome nunca tinha surgido antes em qualquer lista de mortos e desaparecidos políticos. Não constava também do Dossiê dos Mortose Desaparecidos. A CEMDP enviou ofício solicitando informações à Polícia do Exército do Rio de Janeiro a respeito do motivo da prisão deLourenço, mas não obteve resposta. Ao Arquivo do DOPS/RJ foram solicitadas informações, mas nada foi encontrado. Sendo assim, o deputadoNilmário Miranda, que examinava o caso por ter pedido vistas do processo após uma primeira manifestação do relator favorável aoindeferimento, colheu depoimentos de alguns companheiros de Lourenço, que deixaram clara a motivação política da prisão e os vínculosque mantinha com o PCB. Em seu voto, o deputado deu destaque ao depoimento de Berenício Ferreira Pessoa:“Berenício declarou que era militante do PCB desde 1958; que morou em Caxias por mais de 30 anos; que esteve preso após o golpe militar porcerca de 90 dias, de onde saiu quase morto, acometido por uma crupe.(...);que foi dirigente do PCB e militava no Comitê do Partido na EstaçãoFerroviária Leopoldina. Conheceu Lourenço Camelo de Mesquita por volta de 1960, já como militante do PCB. Lourenço militava no ComitêMunicipal de Duque de Caxias e ele, Berenício, no Comitê da Leopoldina. Que em 1962 houve um quebra-quebra em Caxias e que os 2 Comitêsse reuniram conjuntamente para analisar e tomar posição sobre os incidentes. Que a partir de então, 1962, tornou-se amigo do ‘China”; que‘China’ era taxista, que militava entre motoristas de coletivos e entre taxistas. Que ‘China’ era muito conhecido pela sua militância; que em1977 já estava morando de novo em Duque e trabalhava como representante de persianas. Neste ano houve greves de condutores rodoviáriosem Duque de Caxias e que o ‘China’ assinou e lançou manifestos na cidade. Certo dia chegou em casa e sua mulher disse-lhe: ‘Cuidado! OChina foi seqüestrado hoje pela polícia. O próximo é você!’ Depois quando veio a notícia de sua morte, ninguém acreditou em suicídio. Todosdiziam: ‘mataram o China’, exatamente porque era um veterano comunista, um ativista conhecido”.Nilmário Miranda, ao apresentar seu parecer, considerou “a descrição das circunstâncias do ‘suicídio’ grosseira e absolutamente inverossí-mil”. Concluiu que foram falsificadas as circunstâncias de sua morte e que esta se deu sob inteira responsabilidade do Estado.1978THEREZINHA VIANA DE ASSIS (1941 – 1978)Número do processo: 144/04Filiação: Edith Viana de Assis e Antônio Veriano de AssisData e local de nascimento: 22/07/1941, em Aracaju (SE)Organização política ou atividade: APData e local da morte: 03/02/1978, Amsterdam (Holanda)Relator: Márcia RamosDeferido em: 02/02/2006 por unanimidadeData da publicação no DOU: 10/02/2006Therezinha estudou em Aracaju, sua cidade natal, e concluiu o curso de Economia na Universidade Federal de Sergipe. Mudou-se para Belo Horizonte,onde trabalhou na Caixa Econômica Federal. Foi presa e torturada em 1972 e, ao ser libertada um ano depois, exilou-se no Chile, onde fez| 428 |

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