11.07.2015 Views

Direito à Memória e à Verdade - DHnet

Direito à Memória e à Verdade - DHnet

Direito à Memória e à Verdade - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSpublicou regularmente um periódico mensal intitulado UnidadeProletária, além de participar, juntamente com a AP e a POLOP,da produção da revista Brasil Socialista.Um processo de fusão com a AP foi interrompido por volta de1978, quando o MR-8, já reestruturado no interior do Brasil e comforça crescente no ME através da tendência “refazendo” passou adesenvolver uma nova reviravolta em sua linha política. Daí parafrente a evolução do MR-8 será no sentido de acentuar sempremais o peso conferido às lutas democráticas no conjunto de sualinha política, distanciando-se na prática dos argumentos defendidosincisivamente na fase do “Brasil Socialista”, e caracterizandosepor métodos aguerridos de propaganda política.VPR – Vanguarda Popular RevolucionáriaNem todos os grupos de esquerda participantes da fase da guerrilhaurbana tiveram sua origem em cisões do PCB. A VPR nascecomo um grupo praticamente paulista, resultante da fusão entreuma ala esquerda da POLOP, que rompeu com o partido após o4º Congresso, de setembro de 1967, e setores remanescentes doprojeto de criação do MNR, definitivamente falido após o fracassoda Guerrilha de Caparaó.O grupo que deixou a POLOP era constituído basicamente de estudantese intelectuais. Orientavam-se pela estratégia guerrilheiraproclamada pela reunião da OLAS, em Havana. A direção daPOLOP era criticada por assumir uma postura reformista e pacifista,enquanto os dissidentes declaravam-se dispostos a passarimediatamente à preparação da luta armada. O mesmo impulsofoi acompanhado pelos ex-MNR, que se queixavam do teoricismoda POLOP, reclamando que sua aproximação com aquele partidosó lhes tinha valido alguns cursos de marxismo e muito pouco deação prática. Esses dois agrupamentos se unificaram e recrutarampara o mesmo projeto um grupo de militantes de Osasco.e foi convertido então numa espécie de mártir simbólico de todaa luta subseqüente dos órgãos militares para reprimir a esquerdaarmada. Em outubro, outra operação de impacto, em cooperaçãocom o grupo de Marighella, consistiu na execução de um oficialnorte-americano veterano do Vietnã, Charles Chandless, apontadocom agente da CIA.Em janeiro de 1969 a operação da retirada do capitão Lamarca doquartel de Quitaúna foi detectada pela repressão em seus preparativose, como emergência, foi executada em data antecipada, comuma abrangência inferior à planejada. Mas o ciclo de prisões quese seguiu, favorecido pelas informações prestadas pelo militanteque fora preso pintando um caminhão com as cores do Exército,comprovou que eram justas as ressalvas levantadas pelos membrosda VPR que consideravam inoportuna aquela operação.A VPR realizou um segundo congresso em abril de 1969 e iniciouaí seus preparativos para fundir-se com o Colina de Minas Gerais.A fusão dos dois grupos resultou na constituição da VAR-Palmares,em junho daquele ano, mas em setembro já aconteceria umanova divisão, com o ressurgimento da VPR, que contava, então,com grupos de ação também no Rio de Janeiro e no Rio Grande doSul. A VPR, recriada a partir daí, já tinha como principal expoentea figura de Lamarca, acompanhado de perto por um dos principaisdirigentes do Colina, Juarez de Brito.As divergências que resultaram na divisão da VAR consistiam emrespostas diferentes para a pergunta sobre o peso a ser dado ao trabalhode massa e à atividade guerrilheira. Os que acompanharamLamarca laçam-se exclusivamente a essa atividade, praticamenteabandonando todas as preocupações com o trabalho político e formaçãode bases. É montada uma área de treinamento de guerrilhanuma região pobre do interior de São Paulo, o Vale da Ribeira, epara lá se dirige a maior parte dos militantes da organização.A organização já existe sem nome desde março de 1968, mas sóem dezembro, num congresso realizado no litoral paulista - a“praianada” – seria batizada como VPR. No decorrer de 1968 aVPR já havia desfechado inúmeras operações guerrilheiras, comoo assalto ao Hospital Geral do Exército, em junho, poucos diasapós um atentado a bomba contra o Quartel general do II Exército,ambos em São Paulo. Essas operações denotavam uma tática deenfrentamento aberto, como se a VPR estivesse interessada emestabelecer um choque frontal com o aparelho militar do regime.O primeiro desses atentados resultou na morte do jovem recrutaMário Kozel Filho, que estava de sentinela na portaria do Quartel,Em fevereiro de 1970 a prisão de um dirigente que conheciaa localização da área levou a VPR a improvisar o seqüestro doCônsul japonês em São Paulo para obter, em troca de sua libertação,a imediata soltura do militante. A operação obteveêxito e um pequeno grupo de presos políticos é acrescentado àlista de exigências apresentadas às autoridades, seguindo viagempara o México. Mesmo assim, a área de treinamento foilocalizada em março e de 17 de abril a 1º de junho de 1970 oExército comandou uma imensa operação de cerco à região.Lamarca e alguns membros conseguiram furar o cerco formadopelos militares, através de uma rocambolesca captura de um| 473 |

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!