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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEcaminhão do Exército com o qual o grupo pode se deslocar atéa capital paulista, colocando-se a salvo.Apesar do êxito dessa retirada, a VPR sofrera consideráveis baixasnaqueles meses. E terminara executando um oficial da PM,Alberto Mendes Junior, cuja descoberta do cadáver meses maistarde desencadeou uma operação de propaganda pelos meios decomunicação, apontando os guerrilheiros como torturadores e assassinosde um jovem policial inocente. A partir daí a VPR ficoucom sua estrutura praticamente desarticulada em São Paulo, e amaior parte dos remanescentes foi deslocada para o Rio de Janeiro,inclusive Lamarca.No Rio a organização executaria ainda em 1970 mais dois seqüestrosde diplomatas. Em junho, durante a Copa no México foi seqüestradoem cooperação com a ALN o embaixador alemão, VonHalleben, e obtida a libertação de 40 prisioneiros políticos, levadospara a Argélia. Em dezembro foi a vez do embaixador suíço,Giovani Enrico Bucher, mas as negociações que se seguem foramconduzidas de forma inteiramente diferente, com as autoridadesimpondo a substituição de nomes na lista dos prisioneiros políticoscuja libertação era exigida e, praticamente, controlando os rumosda negociação. Em janeiro de 1971 o embaixador foi libertado emtroca do envio de 70 prisioneiros para o Chile, mas a VPR saiu daoperação com um desgaste que teria desdobramentos vitais nostempos seguintes.As tensões internas que se seguiram, numa organização játremendamente debilitada por sucessivos fluxos de prisão demilitantes que não eram repostos, culminaram com saída dopróprio Lamarca, seguido por um grupo que se ligou ao MR-8. Opequeno grupo remanescente permaneceu atuando na “FrenteArmada”, integrada pela VPR desde 1970, na rotina do circulovicioso já referido, de operações armadas para sobrevivência doaparelho da organização.Uma última tentativa de rearticulação da VPR, dinamizada a partirde militantes no exílio, foi abortada por uma chacina comandadapor Fleury, em Pernambuco, em janeiro de 1973, a partir dos dadosfornecidos pelo agente duplo, o “Cabo Anselmo”.COLINA - Comando de Libertação NacionalO Colina também resultou da cisão na POLOP em seu 4º Congresso.Seus militantes representavam a quase totalidade da seção mineiradaquele partido e suas divergências com a direção nacional jávinham desde 1965, quando criticavam o doutrinarismo da linhaoficial e propunham a defesa de bandeiras democráticas como aluta por uma Assembléia Constituinte. Essas divergências ganharamnova força quando esse grupo contestador travou conhecimentocom as propostas gerais divulgadas pelos cubanos e sacramentadasna Conferência de OLAS em agosto de 1967 sob o lema“o Dever de todo Revolucionário e Fazer a Revolução”.O Colina começou a nascer no inicio de 1968, quando foi lançadasua revista América Latina, mas só em maio seria realizado umaConferência aprovando algumas definições de ordem programáticae estratégica. O próprio nome da organização já expressa uma dasdivergências que levaram ao rompimento com a POLOP: a defesada “Libertação Nacional”, como conteúdo fundamental da revoluçãobrasileira, em contraposição ao “Programa Socialista”. Noplano estratégico formulava uma proposta com nítidas influênciasguevaristas, através do texto “Concepção de Luta Armada”, defendendoum caminho para formação do exército popular. A base deseus militantes era constituída de estudantes ou de militantes comum passado de militância no ME. Conseguiu também incorporaralguns veteranos das agitações militares da fase pré-64, como exsargentoJoão Lucas Alves, trucidado pela repressão política emmarço de 1969.Durante um certo período o Colina foi conhecido também pelonome de OPM. A primeira ação armada em que apareceu publicamenteo nome Colina constituiu na execução de dois atentadosa bomba contra o delegado regional do Trabalho, com afinalidade de solidarizar-se com a luta dos bancários, em grevenaquele período e vítimas de intensa repressão. Essa preocupaçãoem executar ações armadas que guardassem certa relaçãocom as lutas operárias e estudantis foi presente em outras operaçõesdo Colina. No início de 1969 a organização enfrentouuma série de prisões, que acarretaria uma grave desarticulaçãoem sua capacidade de operacional e concorreria para orientara maioria dos remanescentes no sentido de se aproximarem daVPR para somar forças na fundação da VAR.VAR - VAR PalmaresEssa organização nasceu em junho/julho de 1969, como fusão daVPR e do Colina, incorporando também um grupo do Rio Grandedo Sul intitulado União Operária. Seu nome inspirou-se na heróicaepopéia de Palmares, região entre Alagoas e Pernambuco onde osnegros fugidos do cativeiro organizaram um Estado independente,no século XVII, resistindo durante cem anos à sucessivas campanhasmilitares de cerco e aniquilamento, executadas pelas forçasescravistas através dos Bandeirantes.| 474 |

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