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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEPara complementar as informações, foi possível localizar o zelador do prédio onde Coqueiro foi morto, que declarou não ter presenciadoo tiroteio, pois estava no último andar do edifício. Mas ouviu, durante a operação militar, um agente gritando: “atira e mata”. O zeladorcontou ainda que foi chamado pelos policiais para prestar informações sobre a vítima e viu o cadáver no local, com diversas marcas de tiro.Também afirmou que Coqueiro estava desarmado, vestido com apenas um calção, e que ouviu um dos agentes dizer: “bota a arma do ladodele”. O zelador, em seu relato, não deu qualquer indicação de que Coqueiro teria tentado reagir.A Comissão de Familiares juntou ao processo na CEMDP fotos do corpo, cedidas pela Agência JB, e fotos atuais do prédio onde ocorreu amorte, sendo solicitada a expedição de ofício ao IML/RJ, em mais uma tentativa de localização do laudo necroscópico. Apenas uma certidãodo IML Afrânio Peixoto foi fornecida, com o seguinte teor: “consta no Livro de Registro de Cadáveres, às fls 03, que na data de 06/02/71, deuentrada no Serviço de Necropsias, o corpo de Aderval Alves Coqueiro, tendo sido encaminhado pelo DOPS, com a guia de remoção s/n., com aidade de 33 anos, brasileiro, casado, profissão: datilógrafo, residência: Rua Bandeirantes 10-B, Diadema, São Paulo, tendo a morte ocorridaem conseqüência de crime, sendo a causa mortis ferida transfixante do tórax – lesão do pulmão direito”.O episódio teve grande repercussão na imprensa porque Aderval Alves Coqueiro foi o primeiro banido encontrado no Brasil pelos órgãos desegurança. Franquearam o acesso de fotógrafos ao local, mas não exibiram o ocorrido para a imprensa. Salvo a presença do revólver juntoao corpo, não foi apresentada qualquer indicação precisa comprovando a alegada resistência a tiros. Na CEMDP, as fotos obtidas junto àAgência JB representaram uma prova conclusiva da falsidade da versão oficial, pois as manchas de sangue no piso sugeriam que o corpofora arrastado e evidenciaram que Coqueiro não fora abatido exatamente no local onde se encontrava o corpo. Tampouco o revólver poderiaestar na posição em que se via na foto. Mostraram, ainda, outras lesões não referidas nas informações do IML: nítidos sinais de ferimentosna cabeça, na nádega esquerda e na perna direita.Após o voto favorável do relator, houve pedido de vistas ao processo. O revisor, Luís Francisco Carvalho Filho, acompanhou o voto do relator.A CEMDP concluiu que Coqueiro não morreu conforme a versão oficial.ODIJAS CARVALHO DE SOUZA (1945-1971)Número do processo: 191/96Filiação: Anália Carvalho de Souza e Osano Francisco de SouzaData e local de nascimento: 21/10/1945, Atalaia (AL)Organização política ou atividade: PCBRData e local da morte: 08/02/1971, Recife (PE)Relator: general Oswaldo Pereira GomesDeferido em: 02/04/1996 por unanimidadeData da publicação no DOU: 11/04/96Estudante de agronomia e militante do PCBR, Odijas Carvalho de Souza foi preso na praia de Maria Farinha, no município de Paulista, hojeAbreu e Lima, Pernambuco, no dia 30/01/1971, junto com a jovem Lylia Guedes, de 18 anos. Odijas era líder estudantil na UniversidadeRural de Pernambuco, estudava Agronomia, vendia livros e dava aulas particulares.Há inúmeros depoimentos detalhando as brutais torturas a que Odijas foi submetido na Delegacia de Segurança Social de Recife, praticadaspor cerca de 10 policiais, denunciados mais tarde, nome a nome, por outros presos políticos, destacando-se entre os algozes o investigadorMiranda, notório torturador que foi apontado como um dos assassinos do padre Henrique em 1969.Odijas foi levado para o Hospital da Polícia Militar de Pernambuco no dia 6 de fevereiro, em estado de coma, morrendo dois dias depois, aos25 anos. A divulgação oficial de sua morte foi feita somente no dia 28 de fevereiro, alegando-se causa natural. Foi enterrado no Cemitériode Santo Amaro, em Recife, sob o nome de Osias de Carvalho Souza. Os presos políticos Lylia Guedes, Alberto Vinícius de Melo, Cláudio| 146 |

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