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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEEm documentos do CIE consta a informação de que Nestor Vera teria realizado curso de formação política em Moscou. Chegou ao ComitêCentral do PCB e tornou-se o principal responsável pelo setor camponês desse partido. Cassado em 1964 pelo primeiro Ato Institucional, foicondenado a cinco anos de reclusão pela Lei de Segurança Nacional. A partir de então, passou a viver na clandestinidade, adotando nomee sobrenome falsos, não apenas para si, mas também para a mulher, o filho e as três filhas.O livro Desaparecidos Políticos, que Reinaldo Cabral e Ronaldo Lapa organizaram em 1979 para o Comitê Brasileiro pela Anistia doRio de Janeiro, registra uma informação, não confirmada posteriormente, de que os órgãos de segurança teriam trocado Nestor Verapor um brasileiro preso na Argentina, citando como fontes a revista IstoÉ, edições de 14/02/1979 e 09/05/1979, e o Pasquim, número508, de março de 1979.ITAIR JOSÉ VELOSO (1930 – 1975)Número do processo: 079/96Filiação: Zulmira Maria Teodora e Sebastião VelosoData e local de nascimento: 10/06/1930, Faria Lemos (MG)Organização política ou atividade: PCBData e local do desaparecimento: 22/05/1975, Rio de Janeiro (RJ)Data da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95Desaparecido no Rio de Janeiro em 22/05/1975, o operário Itair José Veloso, afrodescendete, nasceu na pequena cidade mineira de FariaLemos, bem na divisa tríplice com o Rio de Janeiro e Espírito Santo. Afrodescendente, trabalhou como montador de calçados e apontadorde obras, profissão esta em que se tornaria importante sindicalista.Seu engajamento político remonta a 1953, período em que passou a integrar a Juventude do Partido Comunista. Em 1961, foi eleito paraa direção do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Niterói e Nova Iguaçu, alçando em seguida o posto de secretário-geral daFederação dos Trabalhadores da Construção Civil. Procurou manter a atividade profissional de apontador de obras, para não perder contatocom sua base operária. Durante o governo João Goulart, Itair chegou a liderar uma delegação sindical brasileira que viajou para um encontrointernacional de sindicalistas em Moscou.Era casado com Ivanilda da Silva Veloso, com quem teve quatro filhas. Após abril de 1964, Itair sofreu perseguições e teve sua residência invadida peloDOPS de Niterói, sendo saqueada pelos agentes policiais. Passou a ser processado pela Justiça Militar, o que o obrigou à militância política clandestina.O pouco que se sabe a respeito do desaparecimento de Itair é que, no dia 25/05/1975, às 7h30min, ele saiu de casa para encontrar companheiros doPCB e disse à sua mulher que voltaria ao meio-dia, para ir ao médico com ela. Desde então está desaparecido e seu nome faz parte da lista anexa à Leinº 9.140/95. O Relatório do Ministério da Marinha, apresentado em 1993 ao ministro da Justiça Maurício Corrêa, registra a respeito de seucaso: “set/75 – está preso e sendo processado por atividades subversivas do PCB”.Em entrevista à revista Veja, em 18/11/1992, o sargento Marival Chaves, testemunhou que pelo menos oito integrantes do PCB tiveramseus corpos atirados nas águas do Rio Novo, em Avaré, São Paulo. Marival disse também que Itair foi preso por agentes do DOI-CODI/SP, noRio de Janeiro, durante a Operação Radar, acusado de integrar o Comitê Central do PCB. Na entrevista a Veja, o sargento Marival tambémafirma que Itair morreu de choque térmico, sob tortura, imerso em água gelada, numa casa de Itapevi, na Grande São Paulo. Seu corpo semvida teria sido jogado da ponte, nas imediações de Avaré, a 260 quilômetros de São Paulo. Na revista, as palavras textuais do ex-agente doDOI-CODI/SP foram: “O corpo de Itair José Veloso também foi jogado da ponte. Ele foi preso no Rio, pelo DOI de São Paulo. Era o inverno de1975 e o que o levou à morte foi banho de água gelada. Morreu de choque térmico”.Como no caso dos demais desaparecidos políticos, a esposa de Itair, Ivanilda Veloso sustentou uma longa peregrinação buscando denunciara prisão de seu marido, recorrendo à CNBB, a Dom Eugênio Sales, aos advogados Modesto da Silveira e Heleno Fragoso, a todas as portas| 398 |

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