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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEUIRASSU ASSIS BATISTA (1952-1974)Número do processo: 109/96Filiação: Aidinalva Dantas Batista e Francisco de Assis BatistaData e local de nascimento: 05/04/1952, Itapicuru (BA)Organização política ou atividade: PCdoBData do desaparecimento: entre janeiro e 21/04/1974Data da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95Nascido exatamente no mesmo dia, mês e ano que Custódio Saraiva Neto, divide com ele a condição de mais jovem entre todos os militantesdo PCdoB deslocados para a região do Araguaia. Quarto filho em uma família de sete irmãos, Uirassu passou a infância e adolescênciano interior da Bahia. Iniciou os seus estudos em Itapicuru, fez o curso primário em Rio Real e o ginasial em Alagoinhas. Em 1968, cursandoo primeiro ano científico nessa cidade, iniciou a sua militância política no Movimento Estudantil e no PCdoB. Transferido em 1969 para oColégio Central, em Salvador, teve uma participação ativa e decisiva no movimento secundarista. Fez parte da diretoria da ABES - AssociaçãoBaiana dos Estudantes Secundaristas. No terceiro ano científico, sua participação foi tão intensa que passou a freqüentar muito poucoas aulas Mesmo assim, foi aprovado no vestibular na Universidade Federal da Bahia para a área de saúde. Em fevereiro de 1971, procuradopela Polícia Federal, optou pela militância clandestina.Foi residir na localidade de Metade, no Araguaia. Pertencia ao destacamento A das Forças Guerrilheiras e usava o nome Valdir. Apesar demuito jovem, demonstrou grande capacidade de adaptar-se às novas condições.O relatório do Ministério da Marinha, de 1993, registra que Valdir “foi morto em janeiro/74”, contrariando os muitos depoimentos já colhidose transcritos nos dois casos anteriores. Em matéria publicada no jornal O Globo, em 29/04/96 consta que, “nas 54 fichas individuais, nasquais os arapongas do Exército concentravam os dados sobre cada suspeito de integrar a guerrilha, a informação de que Uirassu Assis Batistahavia sido morto em 11 de janeiro – ‘em Brejo grande, próximo à Transamazônica’- pela equipe A1 foi riscada a caneta”.As condições de sua prisão, portando feridas de leishmaniose foram também registradas por Taís Morais e Eumano Silva em OperaçãoAraguaia: “Muito alegre e cheio de vida, gostava de freqüentar festas e conquistou a amizade dos companheiros e moradores da região. Ocamponês Antônio Felix da Silva viu Valdir, Antônio e Beto presos pelo Exército antes de serem executados, no dia 21 de abril de 1964. Valdirseguiu para o helicóptero pulando por causa das feridas de leishmaniose que lhe cobriam a batata da perna, e cantarolando. Os documentosda Marinha registram sua morte em abril de 1974”.O livro de Hugo Studart, A Lei da Selva, contém a informação, extraída do Dossiê Araguaia, elaborado por militares que combateram aguerrilha, de que Uirassu morreu em 11 de janeiro de 1974.No site www.desaparecidospoliticos.org.br/araguaia estão arquivados vários depoimentos de moradores do Araguaia. Adalgisa Morais daSilva declarou em julho de 1996: “Eu vi o Valdir e o Beto, presos no helicóptero. Eles fingiam que não conheciam a gente e baixavam os olhos”.O depoimento de Antônio Félix da Silva, conhecido na região como Tota, já transcrito num caso anterior, acrescenta, especificamente arespeito de Uirassu: “por volta das 7 horas da manhã, do dia 21.04.1974, o declarante viu Antônio, Valdir e Beto sentados em um banco nasala da casa, com os pulsos amarrados para trás com uma corda fina, parecendo ser de nylon; que o declarante viu um militar se comunicandopelo rádio; que, por volta das 9 horas da manhã, chegou o helicóptero que levou os militares e os três prisioneiros; que o declarante apenaspercebeu que Valdir estava ferido, parecendo ser um lecho (leishmaniose) na batata de sua perna, que atingia metade da mesma, tendo dificuldadepara andar até o helicóptero;(...)”.| 252 |

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