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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEMiguel foi morto no dia 20/09/1972, conforme informação do general Bandeira, responsável pelos interrogatórios no Pelotão de InvestigaçõesCriminais da Polícia do Exército, em Brasília, onde ela se encontrava presa. Ainda segundo Regilena, a mão direita de Miguel Pereirafoi cortada para identificação de suas impressões pelos órgãos de segurança.Nos arquivos secretos do DOPS/PR seu nome está incluído em um fichário com 17 militantes classificados como falecidos. O Relatório doMinistério do Exército, de 1993, afirma que Miguel “participou ativamente da Guerrilha do Araguaia, onde teria desaparecido em 1972”. O“livro secreto” do Exército, divulgado em abril de 2007 pelo jornalista Lucas Figueiredo, registra na página 724 uma outra data: “Nesse dia (27de setembro de 1972), o terrorista Miguel Pereira dos Santos (Cazuza), do destacamento C, foi morto numa emboscada”.Em A Lei da SelvaHugo Studart apresenta duas datas para a morte de Miguel. Na página 135, escreve: “ No dia 25, um tenente (Felipe MacedoJunior) é ferido com um tiro de espingarda. Nada grave. A 26 de setembro, tomba em combate um guerrilheiro, o primeiro na OperaçãoPapagaio – Miguel Pereira dos Santos, o Cazuza. No mesmo dia, noutro ponto da selva, os guerrilheiros matam o sargento Mário Abrahim daSilva”. E na página 372: “MIGUEL PEREIRA DOS SANTOS, Cazuza – Estudante, nascido em Recife, entrou para a clandestinidade já em 1965.Fez curso de treinamento militar na China. No Araguaia, integrava o Destacamento C. Foi um dos guerrilheiros mais atuantes, dos mais citadospor Velho Mário em seu Diário. PCdoB e Dossiê registram sua morte a 20 SET 72, metralhado na selva”.FRANCISCO MANOEL CHAVES (? - 1972)Número do processo: não foi abertoFiliação: não existem registrosData e local de nascimento: não existem registrosOrganização política ou atividade: PCdoBData do desaparecimento: 21 ou 29/09/1972Data da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95Conforme registrado no início deste bloco, seu nome consta do Anexo de 136 desaparecidos políticos da Lei nº 9.140/95, mas não foi requeridaindenização porque seus familiares não foram encontrados. Afro-descendente, de origem camponesa, muito jovem ingressou naMarinha de Guerra. Em 03/04/1935, engrossou as fileiras da Aliança Nacional Libertadora, filiando-se em seguida ao Partido Comunista.Preso em 1935, após a derrota da insurreição armada, foi torturado sob a chefia do comandante Lúcio Meira, sendo mais tarde recolhido aopresídio da Ilha Grande, no estado do Rio de Janeiro. O escritor Graciliano Ramos, que conviveu com ele nessa época, narra em Memóriasdo Cárcere os esforços de Chaves e de outros companheiros, para denunciar as condições desumanas em que viviam os detentos daquelepresídio. Em 1937 foi expulso da Marinha, segundo informações encontradas nos arquivos secretos do DOPS/SP.Libertado no início da década de 40, participou da preparação da Conferência da Mantiqueira, em 1943, sendo eleito suplente do ComitêCentral do partido, cargo que exerceu até 1946. Perseguido após abril de 1964, militando no PCdoB, foi residir na região de Caianos, noAraguaia. Nessa época, já contava mais de 60 anos de idade, não se conhecendo precisamente sua data de nascimento. Foi morto em21/09/1972, junto com José Toledo de Oliveira, próximo ao local onde morrera Miguel Pereira dos Santos no dia anterior.Além da referência sobre sua morte constante no Relatório Arroyo, transcrita acima, as páginas do “livro secreto”, ou Orvil, do Exército, registrauma outra data: ”No dia 29, um grupo de quatro ou cinco terroristas tentou emboscar um GC do 10º BC, Os terroristas montaram uma emboscadanuma capoeira. Percebida a ação, em razão dos ruídos produzidos pelos subversivos, foi montada uma contra-emboscada na qual morreram trêsterroristas: Antonio Carlos Monteiro Teixeira (Antonio), José Toledo de Oliveira (Victor) e José Francisco Chaves (Zé Francisco)”O livro de Hugo Studart transcreve trecho do diário de Maurício Grabois, cuja autenticidade ainda não está firmada, em que o comandanteprincipal da guerrilha teria anotado: “José Francisco, antigo marinheiro, ingressou no P em 1931. O guerrilheiro mais velho e o único pretodo D. Tinha 64 anos, mas possuía muito vigor físico. Chaves era o seu sobrenome (não me recordo do seu primeiro nome). Como marinheiro,foguista, participara, em 1935, do movimento da ANL na Armada, sendo condenado a longos anos de prisão no período do Estado Novo. Em| 210 |

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