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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSO processo sobre o caso na CEMDP também inclui cópias de cartas escritas por seu pai, Norival Euphrosino da Silva. Em 1984, ele escreveuao ministro da Justiça apelando para que fosse confirmado junto às autoridades militares ou civis do Pará se Kleber está preso ou se foimorto na Guerrilha do Araguaia. José de Andrade, assessor do Ministério, respondeu ao apelo dizendo que, para adoção de medidas cabíveis,o assunto estava sendo analisado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado do Pará. Estão anexadas ao processo cópias de reportagense depoimentos prestados à Justiça Federal, em 1985, por Criméia Alice Schmidt, José Genoíno, Paulo César Fonteneles de Lima, DaniloCarneiro, Dower Moraes Cavalcante, Glênio Fernandes de Sá e Elza Lima Monerat.Segundo o Relatório Arroyo: “Em princípios de julho, Vítor (José Toledo de Oliveira) e Carlito (Kléber Lemos da Silva) saíram para tentar um encontrocom a CM. Mas Carlito não pode prosseguir viagem, devido a ter-se agravado uma ferida (leishmaniose) na perna. Sem poder caminhar, ficou numcastanhal, próximo à estrada, enquanto Vítor voltava para avisar os companheiros. Nesse meio tempo, passou pela estrada o bate-pau Pernambuco,que ouviu o barulho de alguém quebrando um ouriço de castanha. Levou então o Exército ao local. Ao procurar se defender, Carlito foi alvejado noombro e em seguida preso. Foi levado para um local chamado Abóbora, e lá foi bastante torturado. Chegou a ser amarrado num burro e por estearrastado. Elementos de massa disseram que o viram praticamente morto sobre o burro. Soube-se depois que Carlito levou os soldados até um velhodepósito que nada continha. Pode ser que o tenham matado, mas também pode ser que ficou apenas preso”.Novos dados relevantes sobre o caso foram trazidas por dois trabalhos do chamado jornalismo investigativo. Em 06/07/1996, o jornal O Glo-boestampou fotos tiradas por um militar que participou da repressão à guerrilha do Araguaia, havendo uma de Kleber morto. Finalmente,em 15/04/2007, a citada matéria de Lucas Figueiredo trazia o seguinte trecho da página 720 do livro secreto do Exército: “No dia 26 (dejunho de 1972) foi preso, após ser ferido no ombro, o subversivo Kleber Lemos da Silva (Carlito). Dispôs-se a indicar às forças de segurança umdepósito de suprimentos. No dia 29, chegou-se a um depósito desativado, onde, apesar de ferido, conseguiu fugir”.O livro de Elio Gaspari resume: “O lavrador Pernambuco delatou Carlito (Kleber), que parara num castanhal. Uma fístula de leishmaniose na perna impedia-ode caminhar, e ele pedira aos companheiros que o deixassem. Foi visto surrado, em cima de um burro. Mataram-no três dias depois. Quando seu cadáver foifotografado, ainda tinha no pescoço a bússola que sempre trazia pendurada. Outro camponês, João Coioió, tocaiou sua amiga Maria (Petit)”.Em Operação Araguaia, os jornalistas Taís Morais e Eumano Silva escrevem: “Ao sair em missão, não conseguiu caminhar e ficou deitado emuma rede no meio da mata. Aguardava o socorro dos companheiros quando foi visto por um morador, que o delatou. Preso pelo Exército em26 de junho de 1972, morreu três dias depois. Um documento dos Fuzileiros Navais afirma que Carlito morreu ao tentar fugir para não revelara localização de depósitos de suprimentos dos guerrilheiros”.Hugo Studart transcreve trechos do diário que os militares atribuem a Grabois, sem que a autenticidade esteja ainda comprovada. Teria escritoo dirigente comunista: “Carlito veio do Estado da Guanabara. Ali formara-se em Ciências Sociais. Antes de vir para o campo trabalhavacomo pesquisador do Instituto de Ciências Sociais daquele Estado. Desenvolveu atividade revolucionária no Maranhão e no Pará. Seu verdadeironome: Kleber. Embora muito franzino – era excessivamente magro – superou todas as dificuldades. Andava bem na mata e carregavapesadas cargas. Desenvolvia-se como combatente. Muito corajoso, diante do inimigo revelou grande valentia, tendo despertado a admiraçãodo povo da área onde foi detido. Não se dobrou diante de seus algozes. Os soldados o espancaram e torturaram brutalmente. Amarraram-noa um burro que o arrastou num chão coalhado de tocos, cipós e espinhos. Parece que não sobreviveu às sevícias”.IDALÍSIO SOARES ARANHA FILHO (1947–1972)Número do processo: 097/96Filiação: Aminthas Rodrigues Pereira e Idalísio Soares AranhaData e local de nascimento: 21/08/1947, Rubim (MG)Organização política ou atividade: PCdoBData do desaparecimento: 12 ou 13/07/1972Data da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95| 207 |

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