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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSambos foram enviados pela CEMDP para o Instituto Genomic,que procedeu à identificação de Molina, em setembrode 2005, e de Luiz José da Cunha, em junho de 2006. Esteúltimo, dirigente da ALN conhecido como “ComandanteCrioulo”, companheiro de Amparo Araújo, teve seu trasladode São Paulo a Recife e sepultamento realizados em1º e 2 de setembro de 2006. Foi morto sob tortura em julhode 1973. “Na nossa cultura, temos de viver o ritual damorte. Enquanto não vivemos, ficamos sempre esperandopela pessoa”, afirma a viúva.Amparo Araújo atua como observadora na Comissão Especiale, desde 1996, contribui nesse esforço de buscapersistente. Acredita que haverá novos avanços nessaprocura e que o trabalho da CEMDP só estará concluídoquando for encontrado o último desaparecido. Daía grande importância do banco de DNA, considerandoque alguns dos familiares de desaparecidos já morrerame muitos já ultrapassam os 80 anos de idade.Para Belisário dos Santos Junior, o banco de DNA é um dosmais importantes legados da Comissão, porque permite oarmazenamento de material genético das famílias parafuturas comparações, possibilitando, assim, identificaçãoposterior de mortos ou desaparecidos. A procuradora daRepública em São Paulo, Maria Eugênia Fávero, que trabalhouem conjunto com a CEMDP no caso das ossadas davala de Perus, de 1990, diz que, naquele momento, cincoou seis pessoas poderiam ser identificadas se o banco deDNA já existisse. Ela ressalta a importância da ComissãoEspecial no trabalho do Ministério Público para reconheceros corpos e aposta nesse novo instrumento de trabalhopara retomar as atividades.O material colhido de pessoas com parentesco próximoe consangüíneo permitirá gerar um perfil genético dosdesaparecidos, que ficará disponível para comparações.Cada perfil genético é distinto, praticamente individual,como se fosse uma impressão digital. Extraindo-seDNA dos restos mortais encontrados sem identificação,é possível fazer a comparação com as informações dobanco e excluir ou encontrar o vínculo genético. O perfilde cada morto ou desaparecido político será construídodentro de padrões internacionais, permitindo comparaçõescom o DNA de ossadas encontradas até mesmo emoutros países.Com a incorporação desse avanço científico recente aoacervo documental da Comissão Especial, estão asseguradasas condições de identificação exata, custe otempo que custar, dos restos mortais de cada brasileiroe de cada brasileira que ainda precisam ser localizadospara que o Estado Democrático de <strong>Direito</strong> assegure aosfamiliares o sagrado direito ao funeral e uma reparaçãosimbólica que ainda lhes é devida.Em 2007, a CEMDP prossegue desempenhando sua responsabilidadede Estado. Consciente de ter cumpridocom rigor o seu papel até o presente momento, conseguindoconcluir o exame de quase todos os casosapresentados, buscará concentrar esforços, amparadanos termos da Lei nº 9.140, na localização dos restosmortais dos desaparecidos. Agora, a prioridade é sistematizarum acervo de depoimentos de familiares ecompanheiros dos desaparecidos, bem como de agentesdos órgãos de repressão, autores de livros, jornalistas epesquisadores que tenham informações a fornecer, paraauxiliar nessa busca e na organização das diligênciasque sejam necessárias.Busca que deve prosseguir até o dia em que o Brasilconsiga, com a contribuição de todos, oferecer condiçõespara uma virada de página nessa trágica históriarecente da vida política nacional. E isso nunca será possívelcom falsos chamados ao esquecimento, e sim coma mais ampla elucidação de tudo o que se passou.

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