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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEAo chegar em sua residência, localizada em São Paulo, Osvaldo foi preso por policiais, sendo, em seguida, conduzido às dependências doDOI-CODI, onde foi despido e passou a ser torturado violentamente. Nessa oportunidade, viu no chão a mesma blusa que Paulo usava hápouco, quando estavam no trem. Foram impetrados habeas-corpus pelo advogado José Carlos Dias em favor de Paulo Stuart Wright e dePedro João Tinn, nome falso usado por ele nos documentos pessoais. Inúmeras iniciativas foram tomadas visando à sua localização. Aprimeira providência foi a ida do seu irmão, Jaime Wright, acompanhado do coronel Teodoro Pupo, ao DOI-CODI, onde falaram com umsargento que demonstrava muito nervosismo. Após essa conversa, o sargento foi ver alguma coisa lá dentro, voltando meia hora depois einformando que não havia ninguém com o nome de Paulo Stuart Wright. O advogado José Carlos Dias, que pertenceu à Comissão Justiçae Paz da Arquidiocese de São Paulo e, posteriormente, seria ministro da Justiça, também apresentou declarações de uma testemunha queesteve com Paulo Wright na sala de identificação do DOI-CODI/SP, Maria Diva de Farias.Além das iniciativas tomadas pelos familiares no âmbito nacional, em virtude da sua dupla cidadania foram realizadas iniciativas também juntoao Departamento de Estado e ao Senado dos Estados Unidos. As autoridades brasileiras, na época, continuaram negando a prisão de Paulo, entendendoque se tratava de uma ingerência do governo norte-americano, porque ele havia sido deputado da Assembléia Legislativa de Santa Catarina.Apesar de todos os esforços empreendidos pelos familiares, sua prisão nunca foi confirmada e seu corpo até hoje não foi encontrado. Sua ficha foiencontrada na gaveta dos arquivos secretos do DOPS/PR que continha 17 militantes de oposição ao regime militar com a anotação “falecidos”.Esse seu irmão, Jaime Wright, pastor presbiteriano, tornou-se um grande símbolo da luta pelos <strong>Direito</strong>s Humanos no Brasil, sendo em outubrode 1975 um dos co-celebrantes do culto ecumênico realizado na Catedral da Sé em protesto contra a morte sob torturas de VladimirHerzog, e também um dos responsáveis pelo projeto Brasil: Nunca Mais, que propiciou profundo inventário das torturas e dos assassinatosperpetrados pelos porões do regime militar.UMBERTO DE ALBUQUERQUE CÂMARA NETO (1947-1973)Número do processo: 025/96Filiação: Mariluce de Sá Leitão Câmara e Roberto Alves CâmaraData e local de nascimento: 02/05/1947, Campina Grande (PB)Organização política ou atividade: APMLData e local do desaparecimento: 08/10/1973, Rio de Janeiro (RJ)Data da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 - 04/12/95Paraibano de Campina Grande, Umberto tinha sido estudante de Medicina na Universidade Federal de Pernambuco. Foi presidente do DiretórioAcadêmico de sua faculdade, que hoje se chama DAMUC – Diretório Acadêmico de Medicina Umberto Câmara Neto. Em 1968, já militandona AP, foi escolhido representante daquele estado na chapa de Jean Marc Von der Weid, formada por aquela organização clandestinaem aliança com o PCdoB para dirigir a UNE, sendo preso no 30º Congresso da entidade, em Ibiúna (SP). Era constantemente ameaçado pelosórgãos de repressão e também por organizações paramilitares como o CCC – Comando de Caça aos Comunistas, que, conforme já mencionadoneste livro-relatório, assumiu a autoria do assassinato do Padre Henrique e do atentado contra Cândido Pinto, que restou paraplégico,também em Recife no mesmo período. Em 1969, Umberto foi escolhido como um dos vice-presidentes da UNE.Em 1972, ainda no Movimento Estudantil, participou da tentativa de organizar as comemorações do cinqüentenário da Semana de ArteModerna, frustradas nos principais estados pela intervenção dos órgãos de segurança que efetuaram dezenas de prisões, intolerantes atémesmo quanto a atividades culturais desse tipo. No final de 1972, já estava submetido a vários processos na Justiça Militar e tinha de vivere atuar em estrita clandestinidade. Alinhou-se com Paulo Wright e Honestino Guimarães na cisão sofrida pela AP nesse período, recusandoo ingresso no PCdoB, e permaneceu como militante da APML. Foi preso no dia 08/10/1973 pelo DOI-CODI, no Rio de Janeiro, depois de terencontrado numa viagem de ônibus seu companheiro de organização, assassinado pelos órgãos de segurança 20 dias depois, José CarlosNovaes da Mata Machado, que provavelmente já estava sendo seguido, conforme será exposto adiante, na apresentação de seu caso.| 354 |

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