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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADE“Apelo para que ajudem a encontrá-lo. Trata-se de um homem de 62 anos, cujo estado de saúde já nos inspirava cuidados mesmo antes disso,uma vez que sofre de problemas circulatórios e cardíacos, é herniado e está quase cego por conta de catarata e glaucoma. Precisamos encontrá-lourgentemente, pois, conhecendo os métodos desumanos usados pelos seus coatores, receamos não chegar a tempo de proporcionar-lhe a assistência médica de que tanto necessita”.Em 20/09/1976, Hiran foi julgado à revelia pela 2ª Auditoria da Marinha. O Relatório do Exército, de 1993, menciona apenas que, em março de1991, uma reportagem no Jornal do Brasil, após a abertura dos arquivos do DOPS (PE), informa que no seu prontuário havia um extrato bancáriodo dia 28/01/1975, que seria a data de sua morte. O relatório do Ministério da Marinha alude à sua prisão por agentes de segurança em abril de1975. Um documento encontrado no DOPS/RJ, em 1992, identificado como DI/DGIE do RJ, datado de 07/12/1979, informa que Hiran teria sidopreso em 15/01/1975, estando desaparecido a partir de 26/06/1976, conforme publica um manifesto do MDB. Nos arquivos secretos do DOPS/PRfoi encontrada uma ficha com o nome de Hiran na gaveta contendo 17 nomes sob a identificação “falecidos”.Até hoje, a informação mais contundente e taxativa a respeito do destino desse desaparecido político brasileiro foi dada pelo ex-agentedo DOI-CODI/SP, Marival Chaves, ao jornalista Expedito Filho, da Veja, conforme publicado em sua edição de 18/11/1992. O ex-sargentocita explicitamente Hiran de Lima Pereira entre os membros do Comitê Central do PCB que teriam sido mortos pelo DOI-CODI e jogados narepresa de Avaré, interior de São Paulo.JAYME AMORIM DE MIRANDA (1926 – 1975)Número do processo: 037/96Filiação: Hermé Amorim de Miranda e Manoel Simplício de MirandaData e local de nascimento: 18/07/1926, Maceió (AL)Organização política ou atividade: PCBData e local do desaparecimento: 04/02/1975, no Rio de JaneiroData da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95Foi preso no Rio de Janeiro, em 04/02/1975, ao sair de sua casa no bairro do Catumbi. Nascido em Maceió (AL), jornalista e advogado,Jayme Amorim era membro do Comitê Central do PCB e seu nome consta na lista dos mortos e desaparecidos políticos do Anexo da Lei nº9.140/95. Ocupou no PCB o importante posto de Secretário de Organização. Era casado e pai de quatro filhosMembro do PCB desde a juventude, suspendeu seu curso de <strong>Direito</strong>, em Maceió, quando já estava no 3º ano, por orientação partidária, para ingressarna Escola de Sargento das Armas. Depois de três anos como sargento, retomou a Faculdade de <strong>Direito</strong> e colou grau numa cerimônia em queseus colegas o protegeram para que não fosse preso pela polícia do autoritário governador Arnon de Mello, pai do ex-presidente Fernando Collor.Nesse período, cumpriu um ano de prisão em Maceió, onde era proprietário do jornal A Voz do Povo, orientado editorialmente pelo PartidoComunista. Quando foi solto, já tinha promovido uma revolução no presídio de Maceió, atuando como advogado na defesa dos presos comuns,orientando seus familiares para que pressionassem o Judiciário, denunciando todas as arbitrariedades do sistema prisional. O jornalfoi fechado após abril de 1964, sendo Jayme Amorim novamente preso. Posto em liberdade vigiada um ano depois, tinha que se apresentarsemanalmente numa dependência militar. Como saíra enfermo da prisão, com suspeita de câncer na laringe, e precisando buscar tratamentoadequado num centro maior, Jayme seguiu para o Rio de Janeiro, deixando de se apresentar às autoridades do regime, o que levoua polícia a interrogar seu pai e prender o irmão Haroldo.Como dirigente do PCB, Jayme esteve na União Soviética várias vezes e chegou a ter uma conversa direta com Mao Tse-tung, em Pequim,a respeito do conflito sino-soviético. Como era poliglota, vivendo como se fosse exilado em seu próprio país, Jayme traduzia clandestinamentetextos para jornais importantes do Rio de Janeiro e de São Paulo, ganhando assim uma parte do sustento da família.| 396 |

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